"Perderam-se anunciantes." Diretora demissionária da TSF revela no Parlamento problemas causados pela administração do Global Media Group
Rosália Amorim garantiu que, até agora, desconhece as contas da rádio e estranha que a administração fale constantemente em prejuízos.
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As direções demissionárias da TSF, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e Dinheiro Vivo estiveram a ser ouvidas no Parlamento esta quarta-feira de manhã sobre a situação do Global Media Group. Rosália Amorim, diretora demissionária da TSF, deu conta aos deputados dos problemas causados pela administração. Em particular a perda de contratos de publicidade.
"A administração foi confrontada pela direção com a falta de pagamentos a fornecedores, nomeadamente a Amazon, que tem a ver com o site, com os podcasts e com os áudios que deixaram de estar disponíveis. A resposta foi sempre 'vai-se resolver em 24 horas' e o que é certo é que esteve oito dias assim e foram vários os danos comerciais. Perderam-se anunciantes, perdeu-se publicidade e esse é um dano para a marca que fica nestes oito dias e sempre que o site não funciona, como foi o caso dos últimos dias em que foi desligado o backoffice também por questões de gestão e de contratos que não terão sido renovados. Portanto, neste momento e durante o mês de dezembro, o que aconteceu foi vários anunciantes virem denunciar junto dos nossos diretores comerciais contratos e dizer também que não queriam estar associados à má reputação da Global Media e começarem a sair para outros grupos. Sim, há aqui um dano e há uma desvalorização das marcas que é grave até do ponto de vista da receita, neste caso do site da TSF", contou Rosália Amorim.
De saída, a diretora de informação da TSF garantiu que, até agora, desconhece as contas da rádio e estranha que a administração fale constantemente em prejuízos.
"Os números que a administração tem colocado na comunicação social são de prejuízos de cerca de dois milhões para a TSF. Números esses que eu desconheço, estamos à espera de ver as contas deste ano porque não entrou nem um euro de investimento na TSF nem entrou um único quadro contratado. Portanto, as despesas da TSF não aumentaram e, nesse sentido, não percebo porque é que os prejuízos terão disparado tanto, mas a Comissão de Trabalhadores também pediu as contas, tal como a direção. Estamos à espera de as ver e conhecer relativamente ao final de 2023, que já terminou", afirmou a diretora demissionária da TSF.
Aos deputados, Rosália Amorim relatou também que depois das promessas de investimento feitas durante o mês de outubro, a 14 de novembro foi comunicado à direção da rádio que era preciso despedir pessoas. Poucos dias depois, a administração concretizou a exigência.
"Uma semana depois, o CEO pede uma lista de despedimentos na TSF que eu me recusei fazer e foi transmitido, de viva-voz, à sala do Conselho de Administração dizendo que não faria esses despedimentos das 30, 40 ou 50, ninguém sabia ainda muito bem", recordou a diretora demissionária da TSF.
Além de Rosália Amorim, todos os diretores demissionários do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e Dinheiro Vivo se queixaram da forma como as marcas do Global Media Group têm sido desvalorizadas na praça pública. O grupo enfrenta uma ameaça de despedimento coletivo que pode chegar a 200 trabalhadores.
Nesta altura continuam sem ser pagos o subsídio de Natal e o ordenado de dezembro.
