A Comissão de Utentes de Saúde do concelho de Almada lançou um abaixo-assinado para exigir medidas imediatas que assegurem o bom funcionamento dos serviços.
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Em solidariedade com os médicos, cerca de 50 pessoas juntaram-se numa vigília à porta do Hospital Garcia de Orta para exigir ao Governo medidas imediatas que evitem o fecho das urgências. A vigília foi convocada pelas Comissão de Utentes de Saúde de Almada e do Seixal.
Em declarações à TSF, José Lourenço, da Comissão de Utentes de Saúde do Seixal, adianta que as pessoas olham com muita preocupação para as negociações que estão a decorrer entre médicos e Ministério da Saúde e, por isso, deixa um pedido.
"Essencialmente bom senso por parte do Governo, dos responsáveis da pasta das Finanças e do próprio ministro da Saúde, embora nós entendamos que o ministro da Saúde também já deve ter chegado ao pico da sua liberdade, porque achamos que ele também esteja condicionado pela questão financeira que o Governo está a impor", afirma.
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A Comissão de Utentes de Saúde do concelho de Almada, distrito de Setúbal, lançou um abaixo-assinado de solidariedade com os profissionais de saúde e a exigir medidas imediatas que assegurem o bom funcionamento dos serviços.
No documento, a comissão manifesta-se "profundamente preocupada com o clima de incerteza e de insegurança" que considera existir no acesso aos serviços de urgência.
"Há muito é conhecida a progressiva desmotivação dos profissionais de saúde e que esta radica no seu descontentamento com os salários, com os horários e com as condições de trabalho, de evolução nas carreiras e de vínculo laboral que lhes são oferecidas", refere a comissão, que realiza ao início da noite de hoje uma vigília à porta do hospital Garcia de Orta, em Almada.
No abaixo-assinado, a comissão salienta ainda que a dificuldade em fixar médicos e outros profissionais no Serviço Nacional de Saúde "é dramática e afeta gravemente o acesso dos doentes aos cuidados de saúde de que necessitam".
No Seixal e em Almada existem cerca de 400 mil utentes.
Em declarações à agência Lusa, José Lourenço, da Comissão de Utentes do Seixal, considerou que os problemas que existem são consequência "da falta de abertura por parte do Governo para ir ao encontro das reivindicações dos sindicatos".
"Preocupa-nos as consequências desta teimosia por parte do Governo, não atendendo às reivindicações dos profissionais que são justas e só através delas se salva o Serviço Nacional de Saúde", disse.
A equipa ministerial, liderada pelo ministro Manuel Pizarro, esteve reunida mais de nove horas no domingo, num encontro negocial que terminou já depois das 02h00 de hoje, com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) sem chegar a acordo, tendo ficado marcada nova reunião para terça-feira.
As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a FNAM iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.
Esta situação levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a avisar que se os médicos não chegarem a acordo com o Governo, novembro poderá ser o pior mês em 44 anos de SNS.