Pescadores da praia de Faro vão ser realojados, demolições das casas avançam depois
O realojamento deverá ser feito até ao verão
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O processo já se arrasta há décadas. Primeiro, foram abaixo as casas ilegais situadas nos extremos da Praia de Faro e só agora, com dinheiros do Plano de Recuperação e Resiliência, é que a Câmara Municipal de Faro construiu casas e vai poder realojar algumas famílias de pescadores.
“São 49 fogos que vão estar prontos neste primeiro trimestre”, avança o presidente da autarquia. Rogério Bacalhau diz que quando essas famílias forem realojadas no Montenegro (freguesia a que também pertence a praia de Faro), “entregarão as suas casas devolutas e a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] irá de alguma forma 'limpar' essas habitações”. Por outras palavras, as casas serão demolidas e o Ministério do Ambiente já fez saber que tem cerca de um milhão de euros para a renaturalização do espaço.
As casas que estão a ser concluídas são de habitação social. Entre a comunidade piscatória, que mora nas pontas das zonas poente e nascente da praia, as opiniões dividem-se. Há quem queira mudar e considere que vai melhorar a sua situação habitacional e outros que se mostram muito reticentes.
Luis Marmelete, presidente da Associação Dunamar, uma associação representante dos moradores da zona nascente, adianta que muitos pescadores nunca pensaram que teriam de se sujeitar às regras da habitação social e pagar rendas a vida inteira. ”As pessoas estão com pessimismo e muito preocupadas”, salienta.
”O que se falou foi que as pessoas seriam realojadas, mas em habitações próprias”, garante. Considera também que a comunidade da praia de Faro está a ser discriminada em relação às famílias da Ilha da Culatra, onde os pescadores puderam permanecer e adquiriram direito de propriedade.
De acordo com o Ministério do Ambiente, existem, atualmente, 87 edificações nos dois extremos da Praia de Faro, prevendo-se que com a retirada das 49 edificações, permaneçam nestes núcleos 38 habitações e respetivos agregados familiares.
Das 49 construções sinalizadas para demolição, 37 estão localizadas no núcleo poente e 12 no núcleo nascente. A câmara de Faro garante que este processo nunca ocorrerá antes do verão.