"Péssima imagem para o Algarve." Municípios criticam empresa que faz recolha de ecopontos
Contentores a abarrotarem e sem serem recolhidos é uma situação frequente.
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O lamento partiu da Câmara Municipal de Silves, mas o sentimento é partilhado por grande parte dos Municípios algarvios. Em comunicado, a autarquia de Silves considerou que a ALGAR, a empresa responsável pela recolha dos resíduos recicláveis na região, "não tem revelado capacidade para recolher diariamente os ecopontos que vão ficando cheios". Uma situação que, na opinião do município, dá origem a "situações indesejáveis e veementemente reprováveis" em todo o território.
A situação agrava-se no verão e é corroborada pelo presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL). "É um problema neste período de verão em que, em alguns territórios triplica, quadruplica ou quintuplica a produção de resíduos e eles ficam na rua por serem recolhidos, o que é uma péssima imagem para o Algarve", afirma António Miguel Pina. O presidente da AMAL garante que "essa recolha indevida por parte da ALGAR" já se faz sentir também noutros períodos do ano.
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O capital social da ALGAR, que gere também os aterros sanitários da região, é constituído em 56% pela Empresa Geral de Fomento (EGF), do Grupo Mota Engil, e em 44% pelos municípios do Algarve. As câmaras municipais estão em minoria, mas garantem já ter tentado comprar o capital social à entidade privada, embora sem sucesso. Para evitar que os contentores de recicláveis no espaço público estejam a abarrotar, os municípios do Algarve tencionam propor em assembleia da empresa que, para o futuro, seja feita a partilha de responsabilidades. "Há já um grupo de trabalho por parte de alguns municípios no sentido de, no próximo ano, enviar uma proposta à ALGAR para que sejamos nós, os municípios, a fazer a recolha dos resíduos recicláveis."
Em resposta escrita à TSF e em sua defesa, a Algar esclarece que "os ecopontos, além do acréscimo verificado nesta altura do ano, por ser um período de maior turismo no Algarve, também são alvo da deposição excessiva de material proveniente do comércio".
A empresa afirma que tem um serviço público e gratuito destinado aos estabelecimentos comerciais, o serviço Algarlinha, mas muitos ainda não o utilizam. Se o fizessem, garante esta entidade, a quantidade colocada nos ecopontos seria menor.
Embora não refute as acusações dos autarcas, a ALGAR alega também que existe insuficiência de colaboradores no mercado, nomeadamente motoristas, para integrarem as equipas na época alta.
A empresa argumenta ainda que se verifica muitas vezes o estacionamento abusivo junto aos ecopontos, o que, por vezes, dificulta ou inviabiliza mesmo o acesso e a recolha atempada dos contentores.
A ALGAR tem concessão nos ecopontos de materiais recicláveis e na gestão dos aterros sanitários da região algarvia até 2034.