"Péssimo sinal." Sindicato vê com maus olhos nomeação de militar para direção do SEF
Os inspetores do SEF criticam a decisão do Governo e defendem que a militarização dos serviços de imigração é "um retrocesso civilizacional".
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O presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SCIF-SEF) tece fortes críticas à escolha do novo diretor do SEF, Botelho Miguel. Em declarações à TSF, Acácio Pereira afirmou que se trata de um "retrocesso civilizacional" e um "péssimo sinal político", uma vez que é a primeira vez, em democracia, que um militar dirige o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
O Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou, esta sexta-feira, o ex-comandante-geral da Guarda Nacional Republicana (GNR) Luís Francisco Botelho Miguel como novo diretor do SEF.
Botelho Miguel é mestre em Ciências Militares - ramo de Artilharia - e licenciado em Engenharia de Sistemas Decisionais. Exerceu vários cargos de comando entre 2010 e 2020 na GNR, onde cessou funções como comandante-geral em julho.
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Ouvido pela TSF, Acácio Pereira, presidente do SCIF-SEF, explica que não coloca em causa "a pessoa" de Botelho Miguel, que não conhece, mas, sim, o "sinal político" que representa a escolha de um militar para este cargo.
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"Colocar um militar à frente do SEF é estragar mais de 30 anos do serviço de segurança e imigração de Portugal. Não é com uma lógica militarizada que se vai salvar o SEF", defende o sindicalista. "O SEF só pode ser reorganizado com base nos princípios do seu serviço à sociedade civil, tudo o resto será andar para trás, será um retrocesso civilizacional. A tutela militar da democracia portuguesa acabou com a Revisão Constitucional de 1982. Já não estamos no PREC. A República Portuguesa é civil e civilista", nota.
O sindicato dos inspetores do SEF apela, por isso, "à Assembleia da República, aos deputados, aos diversos partidos com assento parlamentar, para que defendam o SEF", perante a decisão do Governo.