Petição pública quer classificar obra de José Mário Branco como de interesse nacional
O radialista Cândido Morta é um dos subscritores e defende que, a ser tomada, a medida "só peca por tardia".
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"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", canta José Mário Branco, mas para quem assina a petição pública, como Carlos Alberto Moniz, Rogério Charraz, Gaspar Varela e Manuel Freire, a música é perene e uma obra de património cultural português.
"Estamos em crer que, à beira da comemoração dos 50 Anos desse momento tão decisivo para a História do país que é o 25 de Abril de 1974, este reconhecimento oficial será também uma forma de mostrar o papel basilar da Cultura na educação da sociedade", pode ler-se no documento dirigido ao ministro da Cultura e ao presidente da Assembleia da República.
Em declarações à TSF, o radialista Cândido Mota, um dos subscritores da petição, considerou que "a medida só peca por tardia".
"O José Mário Branco ocupa como músico, poeta e intérprete um lugar único em toda a riquíssima quantidade de autores que tivemos logo a seguir ao 25 de Abril", afirmou.
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Carlos Alberto Moniz, que trabalhou com o "Zé Mário", como todos lhe chamavam, recorda esses tempos: "Trabalhámos juntos em músicas minhas, num disco do Carlos do Carmo fizemos ambos orquestrações. Convivi muito com o Zé Mário e deu para perceber a grande força e a grande qualidade da parte dele nas melodias, texto e orquestração."
Cândido Mota acredita que a obra de José Mário Branco perdurará se for dada a conhecer às gerações mais novas, que "reagem de maneira extraordinária", quando ouvem a sua música.
O autor de "Queixa das Almas Jovens", "FMI", "Eu Vim de Longe, Eu Vou para Longe", ou "O Charlatão" foi rotulado no pós - 25 de Abril como cantor de intervenção, mas para o radialista os temas sobre os quais escrevia continuam muito atuais e a cantiga ainda pode ser uma arma, como cantava o autor.
"Hoje em dia já não há trabalhadores, há colaboradores", indigna-se Cândido Mota." Se dermos a conhecer isso [a música de José Mário Branco] às novas gerações, que sentem na pele e na sua vida de todos os dias as mesmas dificuldades por que nós passamos, apenas com outro vocabulário, os miúdos reconhecem, não tenha a menor das dúvidas", garante.
José Mário Branco faleceu a 19 de novembro de 2019.