O antigo vice-presidente centrista diz que o partido bateu no fundo.
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Depois de Adolfo Mesquita Nunes, também Pires de Lima rompe o CDS. O antigo vice-presidente centrista defende que o partido "bateu no fundo" e tece duras críticas ao presidente Francisco Rodrigues dos Santos.
"O partido bateu no fundo. E, para mim, digo com a maior das tristezas, isto é o fim da linha. Para mim, a partir de amanhã, deixarei de ser militante do CDS", disse António Pires de Lima, em entrevista na SIC Notícias.
"Nos últimos dois anos, temos vindo a assistir a um processo de degradação, de vida democrática na vida do partido. As pessoas não se respeitam. O líder do CDS desqualifica no início de conselhos nacionais, de reuniões magnas, aquilo que é o parlamento do partido, os seus militantes, aqueles que discordam dele", lamentou, lembrando que "ontem apelidou aqueles que divergem dele como terroristas".
Não estou em condições de recomendar o voto em Francisco Rodrigues dos Santos a ninguém que eu conheça
António Pires de Lima lamenta que, depois do Conselho Nacional de sexta-feira, "que fere as mais elementares regras de democracia e respeito pelos militantes do CDS, eu não estou em condições de recomendar o voto em Francisco Rodrigues dos Santos a ninguém que eu conheça".
"Isso tem uma consequência. Eu, com muita tristeza e dor interior, não estou em condições de continuar a ser militante do CDS se não tenho nenhuma intenção de votar no atual presidente se ele se candidatar autonomamente e diretamente", atirou.
Depois do adiamento do congresso, Adolfo Mesquita Nunes anunciou a desfiliação do CDS-PP, partido no qual é militante, de acordo com o próprio, há 25 anos. O anúncio foi feito na página de Facebook do advogado numa longa publicação na qual são explicadas as razões para a decisão.
"O partido em que me filiei deixou de existir. Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo. E se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir", escreveu o antigo governante.
Ao que a TSF apurou, o cancelamento do congresso por proposta do presidente do partido foi aprovado com 144 votos a favor (57,8%), 101 contra (40,6%) e quatro abstenções (1,6%).
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