A "Operação Inheritance" realizou-se em conjunto com as autoridades espanholas, britânicas e americanas e teve a coordenação da Europol. A organização criminosa dedicava-se "à prática de burlas qualificadas, comummente designadas por 'cartas da Nigéria'", lesando em milhões de euros cidadãos de países como os Estados Unidos, Suíça, França, Noruega, México, Alemanha e Polónia.
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A Polícia Judiciária (PJ), numa operação em articulação com as autoridades espanholas, britânicas e americanas e coordenação da Europol, fez várias buscas domiciliárias e não domiciliárias e deteve 16 pessoas pelos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.
A "Operação Inheritance" desmantelou uma organização criminosa que se "dedicava à prática de burlas qualificadas, comummente designadas por 'cartas da Nigéria'".
"Em Portugal, no âmbito de inquérito a correr termos no DIAP de Lisboa, foram realizadas 26 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, sendo detidas 16 pessoas, 13 homens e 3 mulheres, estrangeiros, com idades compreendidas entre os 26 e os 53 anos, pelos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento", pode ler-se num comunicado da PJ enviado às redações.
As buscas resultaram na apreensão de "dezenas de milhares de cartas, etiquetas, impressoras e diverso equipamento informático utilizado na produção das cartas, além de telemóveis e numerário".
Os detidos já foram presentes a tribunal, tendo sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva a 14 deles.
No comunicado, a PJ explica que o modo de operação dos criminosos "assentava no envio massivo de cartas para os mais diversos países, redigidas em variadas línguas e supostamente remetidas por escritórios de advogados, invocando a existência de uma herança de que seriam beneficiárias, na ordem dos vários milhões de euros, devido ao falecimento de um familiar residente em Portugal".
"Após resposta à carta, era solicitado às vítimas, maioritariamente idosos, o envio de documentação diversa, designadamente cópia do respetivo documento de identificação, entre outros dados pessoais. De forma a credibilizar os contactos, as vítimas recebiam documentos supostamente emitidos por autoridades públicas nacionais, com selos, carimbos e assinaturas falsas, bem como por diferentes instituições bancárias, tanto nacionais, como internacionais. Posteriormente, era solicitada às vítimas o pagamento sucessivo de montantes diversos, a título de custos relacionados com seguros, taxas bancárias/administrativas e impostos."
De acordo com a PJ, eram também remetidas cartas que diziam respeito a um "suposto prémio monetário" de que as vítimas teriam sido, alegadamente, vencedores, "voltando a ser exigidos pagamentos diversos".
Esta atividade criminosa, desenvolvida desde 2019, lesou em milhões de euros cidadãos de países como os Estados Unidos, Suíça, França, Noruega, México, Alemanha e Polónia.