PJ nega avisos prévios sobre buscas na Madeira e garante que operação foi "100% eficaz"
Luís Neves justifica o nível de eficácia com a inexistência de qualquer alerta aos locais ou pessoas buscadas.
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O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, negou esta terça-feira que a Polícia Judiciária tenha viajado para a Madeira acompanhada de jornalistas ou membros do Ministério Público e que tenha sido dado antecipadamente qualquer conhecimento à comunicação social acerca da megaoperação de buscas.
A operação policial "não foi em momento algum comprometida", garantiu o responsável nacional pela PJ em conferência de imprensa, e as buscas ralizadas foram eficazes "a 100% uma vez que nenhum dos locais ou visados foram previamente alertados".
Luís Neves garante também que não foram recolhidas quaisquer imagens da entrada dos inspetores nos locais das buscas e que a divulgação, ao longo do dia, dos locais e pessoas buscadas teve como base "informações completamente incorretas".
O transporte do efetivo para a Madeira, composto por "140 inspetores e dez especialistas de polícia científica" foi realizado ao abrigo de um "protocolo de cooperação entre forças e serviços de segurança e as Forças Armadas", o que também permitiu transportar de volta para a sede nacional da PJ "toda a prova apreendida".
"Tal não teria sido possível se se tivesse viajado em voos comerciais", apontou, insurgindo-se contra o que considerou serem "notícias falsas" em torno da operação, desmentindo que tivessem sido mobilizados 300 inspetores em aviões para aquela região autónoma.
Pela sua dimensão, a operação requereu "muito tempo de preparação porque é preciso recolher informação sobre dezenas, se não centenas, de informações sobre moradas e rotinas de alvos" e foi, por isso, preparada no final de setembro.
Para a sua realização foram emitidos "107 mandados de buscas a cumprir na Madeira e no continente foram cumpridos 25".
Reiterou desconhecer a abertura de qualquer inquérito por eventual violação do segredo de justiça ou a existência de "batalhões de jornalistas" na Madeira, mas reconheceu que a divulgação de diligências seria uma questão de tempo face à dimensão e ao número de alvos de buscas.
"Numa ação desta envergadura, mais tarde ou mais cedo as pessoas saberão. Nós todos, do ponto de vista da PJ e do MP, devemos ficar satisfeitos pela eficácia de uma ação desta natureza", frisou, sem deixar de assinalar que com a PJ nunca houve câmaras de televisão a acompanhar buscas desde as 07h00: "Pensamos que a discrição foi conseguida. Das largas dezenas de buscas, nenhuma foi acompanhada por vós."
A realização da conferência de imprensa foi justificada por Luís Neves por entender que "estava a ser colocada em causa a idoneidade desta operação". Assegurou que a mesma não tem nome por sua decisão e recusou assumir um horizonte temporal para a conclusão da investigação.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), demitiu-se na sexta-feira, dois dias depois de ter sido constituído arguido num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes.
O processo envolve também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), os três detidos numa operação policial desencadeada a 24 de janeiro sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias cidades do continente.
Na segunda-feira, o PSD/Madeira vai reunir o conselho regional para escolher o nome de uma personalidade para liderar o executivo madeirense, até agora presidido por Miguel Albuquerque, à frente de uma coligação PSD/CDS, com o apoio parlamentar da deputada única do PAN, o que garante maioria absoluta ao Governo na Assembleia Legislativa.