Plano de resposta sazonal em saúde "pode colocar em causa a segurança clínica". FNAM antecipa "verão extremamente difícil"
Fernando Araújo e Joana Bordalo e Sá reagem, na TSF, ao Plano para a Resposta Sazonal e Saúde. Para ambos, só fechar urgências externas com autorização da Direção Executiva do SNS não resolve o problema da falta de médicos
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O antigo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) Fernando Araújo admite que as medidas contempladas no Plano para a Resposta Sazonal e Saúde, que entra esta quinta-feira em vigor, podem colocar “em causa a segurança clínica”. Também a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) critica as medidas do Executivo e antecipa “um verão extremamente difícil”.
Ouvido pela TSF, Fernando Araújo lembra que as urgências fecham por falta de recursos humanos, “não por qualquer outra coisa de administração.”
“Portanto, a questão de suscitar previamente esse encerramento quando não há recursos humanos é algo que pode até colocar em causa a segurança clínica”, considera, argumentando que “o atraso na tomada da decisão e na comunicação ao INEM de que determinada urgência não possui uma resposta atempada (...) pode adiar o envio de doentes para outro local que devia ser adequado”.
Além disso, Fernando Araújo defende que tudo isto é “redundante e não traz mais valor acrescentado ao processo”.
Também a secretária-geral da FNAM afirma que a medida do Governo não resolve o problema de fundo do SNS: a falta de médicos. “O que é previsível é que os serviços de urgência, sobretudo na área materna ou infantil, continuem a encerrar”, afirma.
Joana Bordalo e Sá sublinha que, nesta altura do ano, já existem “imensos constrangimentos”, em particular com as grávidas, e insiste que “tudo isto acontece, porque faltam médicos nas várias unidades para que serviços de urgência estejam abertos nos locais de residência das pessoas, em áreas de proximidade”.
“Antecipamos um verão extremamente difícil”, conclui, já com o aviso para o próximo Executivo: “É preciso, de uma vez por todas, negociar medidas que fixem médicos no SNS. Nós temos essas soluções e vamos continuar a lutar por elas.”
Os hospitais só podem, a partir desta quinta-feira, fechar urgências externas com autorização da Direção Executiva do SNS, e passam a ter de comunicar diariamente a taxa de ocupação de camas e a afluência aos serviços de urgência.
As medidas constam do Plano para a Resposta Sazonal e Saúde - módulo de verão, que entra esta quinta-feira em vigor e se estende até 30 de setembro, que visa reforçar a resposta assistencial no SNS nesta época caracterizada por um aumento da procura dos serviços de saúde.