Plano nacional para envelhecimento prevê dar resposta a 200 mil idosos, mas ainda não foi implementado
Documento apresentado ao Governo em julho do ano passado ainda não começou a ser posto em prática
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Se o Plano Nacional para o Envelhecimento Ativo tivesse sido posto em prática pelo atual Governo, iria dar resposta a 200 mil pessoas. A convicção é de Nuno Marques, médico coordenador do plano até dezembro de 2024. O documento foi apresentado ao governo em julho do ano passado.
“A proposta integrada foi apresentada ao Governo em 2024, não tendo existido qualquer implementação”, garante, em declarações à TSF. Nuno Marques lembra que o Conselho Europeu publicou em 2022 uma recomendação aos governos, que passava pela necessidade de os países implementarem políticas para levarem as pessoas mais idosas a terem acesso a cuidados de maior qualidade, com grande aposta nos cuidados ao domicílio.
Em Portugal, um total de 2342 pessoas continuavam internadas em março nos hospitais públicos após receberem alta clínica, representando mais 8% de internamentos sociais do que no mesmo mês do ano passado. Os dados constam da nona edição do Barómetro de Internamentos Sociais (BIS), uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que conclui que, em comparação com março de 2024, verificaram-se mais 178 casos de pessoas em situação de internamento inapropriado.
Para evitar estes internamentos sociais, o antigo coordenador do Plano de Envelhecimento Ativo lembra que no documento apresentado ao Governo se indicavam medidas imediatas para agilização da burocracia, que envolve a saída dos cuidados hospitalares para unidades de apoio a idosos e, sobretudo, uma aposta nas equipas de domicílio, visto que esta seria uma resposta mais rápida, sem necessidade de aguardar pela construção de novas instituições. “Mas isto teria de ser feito de forma integrada, a nível nacional e regional”, sublinha.
Nuno Marques considera que, em quatro anos, este plano poderia resolver o problema a cerca de 200 mil idosos. “No final, este plano iria atuar em 100 mil vagas de carácter institucional e mais ou menos o mesmo número no domicílio”, garante. “Estamos a falar de uma resposta superior aquela que temos hoje em dia e, sendo realista, o que tínhamos planeado era uma transição em quatro anos”, assegura.
Nuno Marques foi substituído no final de 2024 pelo médico António Maia Gonçalves, que assumiu o cargo de coordenador do Plano para o Envelhecimento Ativo.