Miguel Morgado apresentou a proposta de uma plataforma à direita perante André Ventura e Cotrim Figueiredo. A ideia foi discutida, mas muitos são os entraves.
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André Ventura, do Chega, e João Cotrim Figueiredo, do Iniciativa Liberal, sentados lado a lado no palco da segunda convenção do Movimento Europa e Liberdade, ouviram o desafio lançado por Miguel Morgado, do PSD, para a criação de uma plataforma de entendimento à direita.
O social-democrata acredita que, "perante a hegemonia das esquerdas em Portugal", a direita "não tem alternativa senão a de chegar a uma plataforma de entendimento". Miguel Morgado garante que não pretende um "entendimento artificial" nem que "seja um ponto de encontro em que cada um tenha de sacrificar as suas diferenças".
Fazer sacrifícios está fora de questão para o líder do Chega, que admite convergências, "mas com linhas vermelhas muito declaradas". André Ventura assegurou que o partido que lidera não será um "andaime" do PSD e que "nunca aceitará fazer parte de qualquer solução que não traga alguns dos problemas que tem referido para a discussão parlamentar".
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O deputado único do partido realça ainda que esta posição tem de acontecer "sem medo de ofender a esquerda, a extrema-esquerda e os mais sensíveis".
João Cotrim Figueiredo fez notar que tem outra forma de encarar o necessário crescimento da direita, dizendo que é preciso apostar na produtividade, na criatividade. O deputado do IL responde a Ventura, contrariando a ideia de que "é uma utopia" e a "vontade de mudar radicalmente é muito mais difícil".
"Só não vamos chegar lá se não tentarmos, se não identificarmos bem o problema, eu não quero saltar de uma panela para uma frigideira." A frase levou aos risos do auditório e de André Ventura, que depressa disse "frigideira sou eu".
André Ventura prosseguiu, assegurando que é o "tipo de conversa" do Iniciativa Liberal e do PSD que "tem levado [a direita] ao ponto em que está, que tem dado à direita um nada".
A troca de argumentos deixava notar que o entendimento está longe, bem como a pessoa certa para liderar esta possível "Geringonça à direita". O nome de Passos Coelho ainda surgiu na conversa, por parte da plateia, mas Miguel Morgado, apesar de admitir ser fã, garante que não traçou o perfil a pensar em ninguém.
"Ninguém pode interpretar do retrato que eu fiz que aquilo encaixa no perfil, no nariz, lábios, queixo de uma determinada pessoa", assegurou, depois de reforçar que "a probabilidade de encontrar um líder todos os dias também não é grande".
Pedro Passos Coelho esteve sentado na plateia, mas à saída recusou falar e garantiu que se vai manter "fora" da política.
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