Pneumonia obriga Tiago Cação a suspender Volta a Portugal pela Mobilidade Urbana
Ainda arrancou para a estrada na segunda-feira, junto à camara do Porto, mas à chegada a Barcelos foi diagnosticada uma pneumonia ao ultramaratonista do ciclismo de 41 anos que o obriga a suspender a distribuição de cartas aos 278 autarcas do país, a apelar a profunda redefinição da mobilidade urbana.
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Os 6250 quilómetros da Volta a Portugal pela mobilidade sustentável foram suspensos depois de diagnosticada uma pneumonia ao ciclista solitário, Tiago Cação, que se propunha a percorrer o país de norte a sul em apenas um mês.
Após ter percorrido 340 quilómetros nas primeiras 29 horas, o ultramaratonista de 41 anos foi internado no Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, onde deu entrada com um nível de oxigénio no sangue abaixo de 80%.
Em comunicado, a organização adianta que deverá ficar hospitalizado duas semanas, garantindo que a pneumonia bilateral de que sofre não terá sido detetada nos exames fisiológicos a que o atleta se sujeitou no último sábado, num centro especializado e que terão comprovado a sua aptidão física para o trajeto a que se propunha.
Esta quarta-feira, Ryan Le Garrec, realizador belga que tem estado a acompanhar e documentar a viagem de Tiago Cação, substituiu o ultramaratonista e fez o percurso de bicicleta de cerca de 110km entre Barcelos e Guimarães, fazendo chegar as cartas a sete autarquias, desde Esposende, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Trofa, Famalicão, Santo Tirso e Guimarães.
A organização decidiu, por razões médicas, suspender a prova e não tem previsão de quando irá retomá-la, embora a intenção de Tiago Cação é concluí-la assim que possível. Os moldes e prazos em que o fará irão depender da sua recuperação.
O atleta de Montemor-o-Velho, com 41 anos, não tenciona abandonar o projeto e faz saber que, independentemente do prazo e do formato, a iniciativa é para concluir de bicicleta e todas as autarquias irão receber essa missiva a apelar a uma transformação da mobilidade urbana que proteja todos.
Tiago Cação desabafa ainda que “é muito frustrante ser obrigado a interromper esta missão tão cedo", principalmente quando se "sentia em condições para o fazer, não fosse esta pneumonia, mas é essencial que a discussão deste tema se continue a fazer”.
Nos dois primeiros dias do percurso, Tiago Cação entregou as cartas de sensibilização em 20 câmaras municipais a apelar à profunda redefinição da mobilidade urbana. Foram elas, no primeiro dia, Porto, Matosinhos, Maia, Melgaço, Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Terras de Bouro. Ontem, o percurso começou em Vieira do Minho, tendo conseguido passar pela Póvoa do Lanhoso, Amares, Vila Verde, Braga e Barcelos e subirá para 27 municípios após o percurso realizado agora por Ryan Le Garrec.
Tiago Cação tinha a meta diária de percorrer cerca de 240 quilómetros ao longo do mês de junho, para tentar sensibilizar as câmaras municipais, antes das eleições autárquicas deste ano, para a necessidade da mudança de paradigma nas políticas urbanísticas e de mobilidade, priorizando a sustentabilidade, a saúde, a segurança e a qualidade de vida das populações.
Realça que os centros urbanos são atualmente responsáveis por 70% das emissões de gases com efeito de estufa e o transporte rodoviário é identificado como a principal causa da poluição do ar nas cidades.
Com o Projecto 278, Tiago Cação pretende defender uma mobilidade mais ativa, sugerindo a inclusão da bicicleta no topo da pirâmide da mobilidade, propondo os passos prioritários para alcançar esse objetivo.
