O Instituto Nacional de Estatística explica que há limitações do indicador oficial. Outra medida de cálculo eleva a taxa de risco de pobreza em Portugal de 18,7% para 24,7%.
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O risco de pobreza em Portugal pode ser ainda maior se tivermos em conta a queda dos rendimentos medianos e a inflação. O alerta é do Instituto Nacional de Estatística (INE) numa nota ao relatório que ontem divulgou que a taxa de risco de pobreza chegou aos 18,7% em 2012.
Para evitar as limitações do indicador oficial, a entidade responsável pelas estatísticas em Portugal calculou um outro indicador que tem em conta outros fatores.
Os técnicos explicam que a tradicional taxa de risco de pobreza está dependente da evolução do rendimento mediano de cada português que caiu nos últimos anos, amortizando, na prática, o aumento da taxa de risco de pobreza. É considerado pobre quem tem, num determinado ano, menos de 60% do rendimento mediano no país.
Para ajudar a colmatar estas limitações técnicas, o INE fez cálculos paralelos e, em vez do rendimento mediano de 2012, fixou o limiar da pobreza naquele que era o valor de 2009, atualizando-o com base na inflação.
Na prática, os resultados mostram que 24,7% dos portugueses tinha em 2012 um rendimento inferior àquele que em 2009 era o limite para ser considerado pobre. Uma percentagem que sobe para 30,9% nas crianças, 23,7% nos adultos em idade ativa e 22,4% nos idosos.
Carlos Farinha Rodrigues, investigador do ISEG e especialista em pobreza, explica que o INE faz bem ao publicar uma estatística alternativa de pobreza, pois as estatísticas oficiais têm limitações e são, apenas, um «retrato parcial» da situação.
O investigador admite que os resultados são «terriveis» pois mostram que, «entre 2009 e 2012, a pobreza, medida desta forma, passou de 18% para quase 25%».