"Pode acolher até 40 mulheres." Inaugurada casa de abrigo para idosas vítimas de violência doméstica
O responsável pelo projeto admite que, em alguns casos, esta pode ser uma casa para o resto da vida.
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É inaugurada esta segunda-feira à tarde e abre portas em abril a primeira casa abrigo para mulheres idosas vítimas de violência doméstica. É um projeto experimental, num local não identificado do concelho de Grândola, especialmente dedicado às necessidades destas mulheres.
"São mulheres que têm já uma idade avançada, que dificilmente se conseguem autonomizar, embora, claro, o objetivo desta resposta seja garantir ou tentar, pelo menos, a autonomização possível das mulheres idosas. A referenciação é como as casas de abrigo, é uma referência nacional através da rede nacional de apoio à vítima e, portanto, esta é uma resposta para o país, uma resposta nacional com capacidade, nesta fase, para acolher até 40 mulheres", explicou à TSF Pedro Ruas, o gestor do projeto.
O responsável admite que, em alguns casos, esta pode ser uma casa para o resto da vida e, tendo em conta os números oficiais, os 40 lugares podem esgotar rapidamente.
"Temo que rapidamente encha, pode acontecer muito rapidamente, mais rapidamente do que aquilo que nós gostaríamos. Existem muitas mulheres, muitas. Para uma mulher de 70 ou 75 anos, com um ciclo de violência contínuo que, em regra, é toda a sua vida não é fácil tomar a coragem de sair de casa", confessou Pedro Ruas.
Pelo menos agora estas mulheres podem pensar nessa hipótese e não terão de se preocupar com os custos.
"A lei portuguesa é muito clara. As mulheres vítimas de violência doméstica não têm qualquer despesa e, portanto, este é um projeto que é financiado pela Segurança Social, monitorizado tecnicamente pela Comissão para Igualdade de Género e financiado pelo Estado português, o que significa que o Estado assegura a totalidade das despesas do acolhimento, Estas mulheres, sendo pensionistas ou reformadas, vai-lhes permitir que no tempo de acolhimento também construam um pé de meia que as vai ajudar neste percurso de autonomização, que é aquilo que é o objetivo maior desta resposta", afirmou.
O projeto conta também com algumas mulheres que, apesar da idade, são cuidadores. E está prevista uma segunda fase da iniciativa.
"No limite podem ter netos na sua dependência, podem ter filhos adultos com algum tipo de necessidade especial. Aquilo que queremos fazer é, numa fase seguinte, ter aqui o ciclo completo, ou seja, garantir que esta mulher pode ter conforto, segurança e regresso à normalidade, não necessariamente apenas no lar, mas também numa moradia com os seus netos, se assim acontecer, ou com os seus filhos e dependentes, caso assim aconteça", acrescentou Pedro Ruas.
Por enquanto esta será a primeira casa de abrigo para mulheres idosas vítimas de violência doméstica, mas está previsto outro projeto experimentar para Mangualde. Se vão haver mais ou não irá depender do próximo Governo.