"Pode e deve." Revendedores pedem ao Governo que desconte ISP "o mais urgente possível"
A vice-presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustível (Anarec), Mafalda Trigo, defende, à TSF, que a redução de dois cêntimos por litro no gasóleo rodoviário não tem "grande impacto para os consumidores" e fica "aquém das necessidades".
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A Anarec mostrou-se esta terça-feira insatisfeita com as medidas anunciadas pelo Governo para reduzir os preços dos combustíveis e apela a um "desconto no ISP o mais urgente possível", lamentando ainda que tenha ficado "esquecido" o GPL de garrafa.
O Ministério das Finanças anunciou, esta segunda-feira, uma redução da carga fiscal no preço dos combustíveis, através da "devolução da receita adicional do IVA".
"Face à evolução dos preços dos combustíveis, o Governo determina a devolução da receita adicional do IVA, por via do ISP, traduzindo-se na redução adicional de 2 cêntimos por litro no gasóleo e 1 cêntimo por litro na gasolina", lê-se num comunicado enviado às redações.
Apesar de reconhecer "alguma boa vontade" ao Executivo, a vice-presidente da Anarec, Mafalda Trigo, pede mais ambição, alertando ainda para o facto de o GPL vendido em garrafa ser "utilizado essencialmente pelas famílias mais carenciadas".
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"Com as contas que nós fizemos, deveria ter refletido no gasóleo rodoviário cerca de dez cêntimos e, na gasolina 95, seis cêntimos por litro. Paralelamente a isso, temos o GPL que foi novamente esquecido, nomeadamente o GPL de garrafa, que neste momento está a pagar o maior ISP de sempre, numa altura em que também se encontra de receita de IVA muito elevado devido também ao aumento dos preços", defende, em declarações à TSF.
Mafalda Trigo, apela, assim, a um "desconto no ISP o mais urgente possível".
Ciente de que o Governo tem pouca liberdade para mexer nos preços, nomeadamente no que diz respeito ao IVA, no qual "não é possível mexer, pelo menos de uma forma imediata", a Anarec entende que ainda há margem para manobra.
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"O preço do combustível está em alta porque tem que ver com as cotações internacionais, mas o Governo pode - e deve - mexer nas taxas que estão na sua mão: a taxa do carbono, a taxa de ISP, entre outras", considera, avançando que o que associação solicita "que fosse dez cêntimos no total do gasóleo rodoviário, visto que os aumentos da receita do IVA foram sensivelmente esse valor e, por outro lado, relativamente à gasolina 95, seis cêntimos por litro, que é exatamente o valor que o Estado neste momento tem de receita aumentada relativamente à variação da taxa do IVA".
Para a associação, uma "redução de dois cêntimos por litro no gasóleo rodoviário não parece que tenha grande impacto para os consumidores", já que continua "muito aquém das necessidades".
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Mafalda Trigo sublinha ainda que os combustíveis continuam com preços acima do que estavam antes da devolução adicional do IVA anunciado pelo Governo.
"Na semana passada, o gasóleo rodoviário aumentou seis cêntimos, portanto, se formos analisar há 15 dias, neste momento, mesmo com a baixa que teve, continua 13 cêntimos mais caro do que estava antes", atira, explicando que os 10 cêntimos mencionados dizem respeito ao "valor da receita extraordinária que o Governo está neste momento a receber por parte do IVA, devido aos aumentos do combustível, e fazer pelo menos refletir esse valor diretamente na baixa dos impostos do ISP e taxa de carbono".