"Pode ficar tetraplégico." Campanha alerta para perigo de mergulhar sem cuidado
O presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia alerta que é necessário conhecer o local onde se mergulha.
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Há uma campanha, desde 2013, que tem como alvo os mais jovens para alertar, em pleno verão, para o cuidado com os mergulhos nas praias. O presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, João Gamelas, alertou na TSF que é necessário conhecer o local onde se mergulha.
Apesar de já ter começado há dez anos, todos os anos repetem-se os alertas e nunca os especialistas sublinham que nunca é demais insistir nesta mensagem.
"Às vezes é só por um pequeno descuido. Mergulhar numa água que parece tranquila, numa piscina que parece tranquila, que não tem problema nenhum, sem conhecer de facto o que está por baixo daquela superfície da água. Depois é aí que muitas vezes se tem as grandes surpresas. É que, de facto, não há água depois daquela superfície ou praticamente não há água depois daquela superfície. É importante insistir nessa sensibilização e nessa alerta, porque as próprias pessoas, mesmo que sensibilizadas numa determinada altura, ao longo do tempo podem perder essa sensibilidade e, portanto, é sempre preciso lembrar-lhes para terem cuidado e não mergulharem em sítios desconhecidos e ter cuidado com os mergulhos para dentro da água. Tenham sempre a certeza do que está por baixo da superfície na qual estão a mergulhar. É fundamental que se insista nisto", lembrou João Gamelas.
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Não há dados oficiais, mas o presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, pela experiência que tem, acredita que o número de casos está a diminuir.
"Baseia-se na experiência do dia a dia dos hospitais, dos números de doentes com lesões graves da coluna cervical por incidentes de mergulho, na experiência dos centros de reabilitação onde estes doentes acabam, de uma forma ou de outra, sempre que tem lesão grave, por passar uma temporada grande no sentido de tentar adaptar-se às novas condições de vida dentro daquilo que é a reabilitação possível. Baseia-se nessa perceção, na atividade profissional, quer da ortopedia, quer dos centros de reabilitação, pelas diferentes partes do país. É um pouco por aí que conseguimos ter essa perceção", explicou na TSF o presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia.
João Gamela avisa que um traumatismo na coluna pode ter consequências muito graves.
"Pode ser catastrófico, completamente catastrófico, com morte imediata. Se for uma lesão alta pode ter uma morte imediata. Se for uma lesão menos alta pode ter sequelas gravíssimas, como tetraplegia, com o doente a ficar tetraplégico, sem capacidade de movimentar o tronco ou os braços, membros inferiores, etc. Portanto fica completamente dependente de uma cadeira de rodas para sempre, de forma irreversível", acrescentou.