O presidente da câmara de Lisboa garante que esteve "a lutar ao lado dos lisboetas que ficaram sem nada" depois das cheias e afirma que "não vai criar mais fricção ou irritação" com Costa.
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O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, diz que o primeiro-ministro, António Costa, não o contactou depois das inundações que assolaram a capital, mas garante que estes dias foram "muito difíceis para os lisboetas" e que "ligar ou não ligar não é importante, o importante é que as soluções cheguem".
"Durante estes dias, o primeiro-ministro não me ligou. A ministra Mariana Vieira da Silva visitou Loures e Oeiras e não visitou Lisboa. O importante é soluções rápidas, é isso que peço ao Governo", afirmou Carlos Moedas.
"O trabalho foi muito, tivemos a lutar ao lado dos lisboetas. Fui eleito pelos lisboetas, estarei aqui com os lisboetas e pelos lisboetas. Como presidente da câmara, eu estava a comandar, de certa forma, a operação e estava nos casos mais graves, com os lisboetas que estavam sem nada e em grandes dificuldades", explicou o autarca.
Carlos Moedas adianta que foi contactado por outros membros do Governo como José Luís Carneiro e Ana Abrunhosa e pede ao Executivo para que seja "célere". "Precisamos de soluções do Governo. Se há ou não telefonemas... não vou criar mais fricção ou irritação. Não vamos levar isto para um caso pessoal ou para telefonemas, estou concentrado em ajudar as pessoas."
"É importante para a democracia não criarmos casos concretos. Não preciso de telefonemas, preciso de ajuda rapidamente", sublinha.
O líder da autarquia de Lisboa agradece aos bombeiros, à polícia, à Proteção Civil, aos trabalhadores da câmara municipal e também a Marcelo Rebelo de Sousa, que "esteve desde o primeiro minuto" ao seu lado "e muito próximo das pessoas".
Na quinta-feira à noite, em Bruxelas, o primeiro-ministro foi questionado sobre o facto de não ter contactado Carlos Moedas depois das cheias da última semana. Depois de ter evitado responder no púlpito, António Costa acabou por ironizar, ao sair da sala, que o autarca de Lisboa também não o contactou.
À primeira questão colocada sobre se o Governo estaria a discriminar a câmara de Lisboa, pelo facto, de já ter visitado outros municípios, como Loures e Oeiras, durante as cheias que afetaram a área metropolitana de Lisboa, na última semana, António Costa respondeu:" Não houve discriminação, mas não vamos falar sobre assuntos locais."
Depois perante a insistência da jornalista da SIC que questionou se o primeiro-ministro não iria contactar Carlos Moedas, Costa encolheu os ombros e disse "Se for necessário contactá-lo-ei, qual é o problema?" A jornalista ainda insistiu, mas o chefe do Governo encerrou a conferência de imprensa: "Não se preocupe com o assunto" e, com votos de "Feliz Natal", saiu do púlpito.
Foi nessa altura, quando já se preparava para abandonar a sala, que António Costa, ao passar pelos jornalistas, atira a frase:" Pergunte-lhe porque é que ele não me contactou a mim, que tive a casa inundada."