Polícia Judiciária incentiva denúncia de casos de assédio e coação sexual através das redes socais
À TSF, o inspetor-chefe da Diretoria da Polícia Judiciária do Porto explica que a detenção de um homem suspeito de chantagear e violar mulheres que atraiu através da internet só foi possível graças a uma denúncia
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O inspetor-chefe da Diretoria da Polícia Judiciária do Porto sublinha que em causa estão crimes de natureza semipública que dependem de uma queixa para serem investigados. Afonso Costa revela que foi uma denúncia que permitiu esta quarta-feira a detenção um homem suspeito de chantagear e violar mulheres que atraiu através da internet.
As vítimas com idades entre os 20 e 45 anos foram atraídas para encontros com o suspeito que, contra a vontade delas, terá gravado imagens de cariz sexual que depois usou para fazer chantagem. "O indivíduo encetava contactos nas redes sociais com o intuito de manter relacionamentos virtuais de natureza sexual" e depois forçava encontros presenciais, conta o inspetor à TSF.
"Em dois casos vieram a ocorrer relações sexuais não consentidas", adianta Afonso Costa e explica que o homem de 36 anos usava imagens que obtinha de forma ilícita antes ou durante os encontros para chantagear as mulheres, ameaçando divulgar as imagens junto de familiares e amigos.
Os casos ocorreram há dois anos e duas das quatro vítimas identificadas tiveram mesmo de ser internadas na sequência de tentativas de suicídio e automutilação. O inspetor chefe espera que os "danos psicológicos nas duas vítimas não perdurem no tempo".
Além das quatro vítimas já identificadas, a investigação conduzida pela Diretoria do Norte não descarta a hipótese de existirem mais vítimas.
Neste caso, a denúncia de uma vítima permitiu chegar ao suspeito. Sem uma queixa, explica Afonso Costa, a Polícia Judiciária pouco poderia fazer.
"São situações que ocorrem em conversas entre particulares e, portanto, não há muitos mecanismos de que a polícia possa socorrer-se para conseguir chegar a estas situações", afirma o inspetor-chefe da Diretoria da PJ do Porto que sublinha a importância da denúncia. Só assim as autoridades podem atuar. "Há crimes de natureza pública e a polícia pode prosseguir e crimes de natureza semipública que carecem de uma denúncia."
Afonso Costa diz que o melhor é prevenir e "evitar a transmissão de fotografias ou vídeos de cariz íntimo" e lembra que em encontros ocasionais o risco é ainda maior. "Nunca se sabe o que pode acontecer, até porque as pessoas não conhecem quem está do outro lado", afirma Afonso Costa.