"Invasão, invasão!" Ânimos exaltados no protesto de polícias junto ao Parlamento
Polícias chegaram ao Parlamento há cerca de meia hora e os ânimos exaltaram-se no local. Ouviu-se "invasão, invasão" no fundo das escadarias da Assembleia da República e algumas barreiras de proteção foram retiradas pelos manifestantes.
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Os ânimos exaltaram-se entre os polícias que estão a manifestar-se, esta noite, em frente à Assembleia da República, e os elementos do corpo de intervenção que se encontram nas escadarias do Parlamento. O protesto terminou pelas 22h00, mantendo-se apenas no local os 200 elementos do Corpo de Intervenção. Uma nova manifestação de polícias está marcada para o dia 15 de novembro, integrada numa iniciativa da CGTP.
Durante o protesto ouviram-se palavras de ordem vindas dos manifestantes. Desde "invasão, invasão" a "somos todos polícias", muitos foram os gritos lançados durante o protesto e chegou mesmo a ouvir-se "Grândola, Vila Morena".
As barreiras de segurança que estavam nas escadarias foram derrubadas e houve contacto físico, apesar de centenas de polícias terem abandonado o protesto quando as baias caíram.
Os polícias e agentes que, esta quinta-feira, se manifestam em Lisboa chegaram à Assembleia da República cerca das 19h45, sendo esperados por um forte aparato policial.
Segundo a organização, participam no protesto cerca de cinco mil elementos das forças e serviços de segurança sobretudo da PSP e da GNR.
Os polícias percorreram as ruas entre a Praça do Comércio e a Assembleia da República, gritando várias palavras de ordem como "Cabrita o que é isto? Um país seguro e os polícias nisto", "Oh Costa, basta de empurrar, a segurança não se faz a brincar", "Polícias Unidos Jamais serão Vencidos", pediram várias vezes a demissão do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e cantaram o hino nacional.
Ministro diz que "nunca houve tanto investimento nas forças de segurança"
O Ministro da Administração Interna defendeu, esta quinta-feira, que "nunca houve tanto investimento nas forças de segurança" como o feito pelo atual Governo.
"Nunca houve tanto investimento nas forças de segurança como neste governo, fruto da programação da lei de investimentos em equipamentos e infraestruturas nas forças de segurança e é por isso que estão dezenas de infraestrutura em obras", disse Eduardo Cabrita quando questionado pelos jornalistas sobre o protesto que hoje junta em Lisboa cerca de cinco mil polícias a exigirem atualizações salariais e a protestarem contra a falta de efetivos e de investimento nas forças e serviços de segurança.
O ministro da Administração Interna lembrou que "as forças de segurança são beneficiárias do descongelamento de carreiras e nessa medida, cerca de 18 mil dos 22 mil efetivos da PSP tiveram valorizações remuneratórias decorrentes de progressão ou da resolução de uma questão deixada pelo governo anterior".
Eduardo Cabrita adiantou que também os elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tiveram o "descongelamento de carreiras concluído nos termos do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018)".
No caso dos militares da GNR, ainda está "em discussão com as associações representativas aquilo que é um regime específico de uma carreira que depende da sua evolução fundamentalmente no decurso do tempo", explicou.
Apesar de o Ministério da Administração interna (MAI) ter anunciado hoje que vai pagar a partir de janeiro de 2019 os subsídios relativos ao período de férias, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que "vale a pena manter a luta", porque o problema não fica totalmente resolvido, faltando saber como serão pagos os retroativos desde 2011.
Trânsito cortado
Na Assembleia da República esteve montado um forte dispositivo policial por elementos da Unidade Especial da Polícia (UEP) tendo sido colocado um gradeamento à volta do edifício e a calçada da Estrela está cortada ao transito por várias viaturas da polícia.
Fonte policial disse à agência Lusa que foram destacados para o protesto elementos do corpo de intervenção de Faro, Porto e Lisboa.
Os organizadores do protesto - Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança - querem entregar ao presidente da Assembleia da República uma moção onde explicam o seu desagrado por várias políticas do governo, nomeadamente a falta de efetivos e de investimento, o desbloqueamento das carreiras, a contagem do tempo em que as carreiras estiveram congeladas e o reconhecimento da profissão de desgaste rápido.
A CCP é constituída pelos sindicatos e associações do setor, como ASPP/PSP, a APG/GNR, Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Associação Socioprofissional da Polícia Marítima, o sindicato dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e os profissionais da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
(Notícia atualizada às 22h19)