As três instituições enviaram uma carta ao presidente do conselho coordenador destas instituições a anunciar a sua desvinculação do mesmo, na sequência de uma proposta de alteração das condições de acesso ao ensino superior. O destinatário desdramatiza a decisão.
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«Ao longo dos últimos tempos, com especial ênfase nas últimas semanas, concretizaram-se várias posições políticas em sede do CCISP [Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos], que testemunham de forma muito perentória diferentes visões, diferentes projetos educativos e posicionamentos ao nível das políticas públicas do ensino superior, entre as nossas instituições e a posição maioritária deste órgão», lê-se na carta assinada pelos três presidentes dos institutos de Lisboa, Porto e Coimbra.
Na missiva, enviada ao presidente do CCISP, Joaquim Mourato, e com o conhecimento do ministro da Educação, Nuno Crato, e do secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, as três instituições declaram que «não tem sido possível concertar de uma forma positiva tais diferenças, as quais atingiram um ponto de rutura grave», na sequência da aprovação, por voto maioritário, de uma proposta de alteração das regras de acesso ao ensino superior para os politécnicos.
A proposta em questão, já enviada ao Governo, prevê que para os politécnicos as provas de ingresso possam passar a ser a nota final às disciplinas exigidas e não as notas dos exames nacionais.
«O tornar esta proposta exclusiva do ensino superior politécnico ainda tornou mais lesivos estes efeitos, acentuando uma clivagem de fundos entre os dois subsistemas», lê-se na carta.
Ainda que declarem compreender os motivos que levaram os outros politécnicos a aprovar a proposta de alteração do regime de acesso e «outras atitudes consentâneas», os presidentes dos institutos de Lisboa, Porto e Coimbra declaram não se rever nas mesmas e que consideram não haver «condições para a continuação de um diálogo perante posicionamentos tão divergentes».
«Assim, os institutos politécnicos de Coimbra, Lisboa e Porto consideram não ter condições para se manterem no CCISP, pelo que vêm comunicar a vossa excelência a suspensão da sua participação, desvinculando-se das posições futuras que este órgão venha a assumir», declara-se no documento.
O presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) desdramatizou, entretanto, a desvinculação.
«Respeito a posição dos colegas», afirmou Joaquim Mourato à Lusa, defendendo que «não há qualquer fragilidade» no órgão devido à decisão assumida pelos politécnicos de Lisboa, Porto e Coimbra.