Ouvida pela TSF, a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, destaca que é mais difícil atrair estudantes para as regiões do interior.
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O Governo prepara-se para alterar o modelo de financiamento do ensino superior, mas por agora, os politécnicos mantêm várias reservas e querem ser ouvidos para tentar melhorar a proposta.
Em causa está, por exemplo, o facto de estar previsto o financiamento do ensino superior por fundos regionais e privados.
Ouvida pela TSF, a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, destaca que é mais difícil atrair estudantes para as regiões do interior e que o Estado não pode demitir-se da responsabilidade de financiar o ensino superior.
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A negociação ainda vai no adro, mas a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos já tem uma certeza para confrontar o Governo: não devem ser as regiões a substituir o papel do Estado no cofinanciamento do ensino superior.
"Entendemos que devemos ser ouvidos nessa matéria, sendo que, de todo, entendemos que se devem substituir também as regiões ao Estado. O que nos parece que está aqui em causa é que o funcionamento das instituições poderá vir a ser suportado pelas CCR, pelas autarquias. Entendemos, sim, que deve haver esse impacto, para além do financiamento estatal", defende Maria José Fernandes.
A proposta do Governo já mereceu reparos por parte dos politécnicos, que viu chumbada uma ideia para que houvesse um fator de coesão territorial na forma como o ensino superior é financiado.
"Essas instituições são o motor económico de muitas regiões, portanto, eu acho que o país tem de pensar que país é que nós queremos. Naturalmente que nestes territórios, estas instituições são muito importantes - têm um impacto regional muito grande -, servem as necessidades da região e temos de pensar que não estão localizadas nas regiões de maior densidade onde é mais fácil captar estes bens e, portanto, tem de haver políticas públicas de coesão territorial", explica.
O novo modelo também prevê a avaliação de desempenho das instituições de ensino superior, um parâmetro que Maria José Fernandes reconhece como positivo, alertando, no entanto, que deve ter em conta a realidade concreta de cada uma.
" Um território onde é difícil captar alunos, é difícil atrair mais investimentos, mas as instituições têm de facto impacto regional, isso de ser tido em conta", insiste.
O Executivo anunciou, entretanto, o reforço no orçamento do Estado para o ensino superior - são 138 milhões de euros, em 2024, mas, como sublinha a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, este foi um ano de inflação elevada.
"Se nós pensarmos no impacto da inflação que tivemos último ano, o valor do reforço real não será, com certeza, 10%. Eu acho que isto também tem de ser analisado", remata.
Os politécnicos aguardam agora a chamada para começar a negociar com o Governo.