Políticos só se interessam pelo interior para "voltinha tradicional" nas eleições ou "quando há problemas que afetam lisboetas"
No Fórum TSF, realizado esta sexta-feira em Seia, quem vive e trabalha todos os dias no interior de Portugal pede que se crie "atratividade" empresarial e que se compreenda que o interior "não tem as mesmas armas" que o litoral
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Na semana em que a TSF celebra 37 anos, o Fórum TSF desta sexta-feira foi a Seia, na Serra da Estrela, abordar as dificuldades e as potencialidades do interior do país.
O presidente da Câmara Municipal de Seia, Luciano Ribeiro, queixa-se do despovoamento e, consequentemente, de menos votantes na zona. O raciocínio é simples: "menos eleitores, menos deputados", ou seja, menos representação no hemiciclo nacional.
O autarca critica igualmente os partidos políticos que só se preocupam com a região quando fazem a "voltinha tradicional" a Portugal na véspera de eleições ou "quando há problemas que afetam as pessoas de Lisboa".
"São realidades e perceções diferentes. Um exemplo só para mostrar o tipo de mentalidades: durante várias épocas do ano, temos queixas porque veem cães da Serra abandonados. Não estão abandonados, são cães de pastor, estão a guardar o rebanho", exemplifica.
Já o presidente da Associação Empresarial da Serra da Estrela, Luís Seabra, assinala que o Estado tem de olhar de "forma diferente" para as organizações do interior "para que haja mais atratividade, mesmo a nível de carga fiscal". Essa benesse "já existe, mas ainda não é suficiente", salvaguarda.
Em locais "longe de uma autoestrada" é difícil atrair empresas "que empreguem uma centena" de pessoas, "porque pode nem existir população ativa" na zona. A solução, aos olhos de Luís Seabra, é "ir buscar trabalhadores fora, quer portugueses, quer imigrantes".
Já no ramo da Educação, o diretor da Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia, Ricardo Guerra, critica o novo regime jurídico para o ensino superior feito pelo Governo e explica o porquê: "Não há uma diferenciação entre aquilo que são instituições do interior e do litoral. E a verdade é que nós não temos as mesmas armas, as mesmas condições, nem o mesmo financiamento. Ora, se nós temos menos alunos, com certeza vamos ter menos receitas, vamos ter menos poder de investimento."
"Somos o melhor investimento para conseguirmos promover a coesão territorial", remata Ricardo Guerra.

