"Ponta do iceberg." Linha SOS Voz Amiga preocupada com aumento de chamadas de crianças e jovens
Em declarações à TSF, o presidente da Associação SOS Voz Amiga, Francisco Paulino, aponta o ambiente em casa e o bullying na escola como as principais razões das chamadas dos mais novos
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O número de crianças e jovens que ligam à Linha SOS Voz Amiga tem vindo a aumentar desde a pandemia. A linha telefónica foi lançada há oito anos e tem como objetivo ajudar quem se encontra em sofrimento por solidão, ansiedade ou depressão. Em declarações à TSF, Francisco Paulino, da Associação SOS Voz Amiga (que ajuda pessoas há 46 anos), não esconde a preocupação e considera que estes pedidos de ajuda são apenas "a ponta do iceberg".
"Antes da pandemia, em 2019, atendíamos cerca de 600 chamadas por mês e começámos a atender cerca de mil. E não conseguimos atendê-las todas. Antes da pandemia, a nossa realidade era de chamadas apenas com jovens a partir dos 16 anos. No pós-pandemia, estamos com uma média de dez chamadas por mês de crianças, pré-adolescentes e adolescentes com menos de 16, a maior parte com 12, 13 e 14 anos. Nós sabemos que os jovens não gostam muito de utilizar esta ferramenta do telefone, portanto, isto é apenas a ponta do iceberg. Temos de fazer alguma coisa para contrariar toda esta situação", explica à TSF Francisco Paulino, apontando o ambiente em casa e o bullying na escola como as principais razões das chamadas dos mais novos.
"Normalmente são filhos de pais separados, que, à partida, é logo uma situação angustiante. Temos também jovens a queixarem-se de bullying e que dizem: 'Eu estou na escola, há lá um psicólogo, mas se eu for ao psicólogo, ainda sou mais apontado, sou uma pessoa mais criticada, em casa não tenho o apoio suficiente, às vezes tenho vergonha de falar disto.' É uma situação que eles próprios sozinhos não conseguem resolver", lamenta.
Francisco Paulino traça o perfil das pessoas que ligam para a Linha SOS Voz Amiga: "É mulher e tem entre os 45 e os 55 anos. Entre os 20 e os 30, normalmente são pessoas com depressão e com ideias de suicídio. Dos 30 até aos 50, os problemas são imensos: problemas de relacionamento, os problemas surgidos nos seus empregos, problemas com familiares. Dos 60 para cima, tem mais a ver com a solidão."
O presidente da associação alerta ainda para um "problema cultural". Os homens mais velhos e que também vivem sozinhos "não ligam a queixar-se disso", uma vez que ainda existe a ideia de que "um homem não chora e não partilha com ninguém que sofre". "Mas sofrem e depois é pior", avisa.
A Linha SOS Voz Amiga tem, neste momento, 65 voluntários, estando a formar mais 16. Francisco Paulino acrescenta que são precisos mais voluntários para fazer face a todas as chamadas.
"Normalmente são filhos de pais separados, que, à partida, é logo uma situação angustiante. Temos também jovens a queixarem-se de bullying e que dizem: 'Eu estou na escola, há lá um psicólogo, mas se eu for ao psicólogo, ainda sou mais apontado, sou uma pessoa mais criticada, em casa não tenho o apoio suficiente, às vezes tenho vergonha de falar disto.' É uma situação que eles próprios sozinhos não conseguem resolver", lamenta.
Francisco Paulino traça o perfil das pessoas que ligam para a Linha SOS Voz Amiga: "É mulher e tem entre os 45 e os 55 anos. Entre os 20 e os 30, normalmente são pessoas com depressão e com ideias de suicídio. Dos 30 até aos 50, os problemas são imensos: problemas de relacionamento, os problemas surgidos nos seus empregos, problemas com familiares. Dos 60 para cima, tem mais a ver com a solidão."
O presidente da associação alerta ainda para um "problema cultural". Os homens mais velhos e que também vivem sozinhos "não ligam a queixar-se disso", uma vez que ainda existe a ideia de que "um homem não chora e não partilha com ninguém que sofre". "Mas sofrem e depois é pior", avisa.
A Linha SOS Voz Amiga tem, neste momento, 65 voluntários, estando a formar mais 16. Francisco Paulino acrescenta que são precisos mais voluntários para fazer face a todas as chamadas.
