A ponte que ruiu há uma semana em Águeda esteve pelo menos nove anos aberta ao trânsito sem qualquer obra, apesar dos conselhos de uma inspecção feita em 2002.
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O relatório já dizia que a ponte estava em mau estado de conservação e precisava de reparações.
O actual executivo da Câmara Municipal de Águeda admite que desconhecia os resultados da inspecção de 2002. Só os descobriu em 2010 depois de ser alertado por pescadores para os problemas na ponte.
A autarquia procurou especialistas para fazerem a inspecção e quando chegou a uma empresa de engenharia Betar, os responsáveis explicaram que já tinham feito esse trabalho há oito anos.
O relatório foi pedido pela autarquia, mas esta não tinha qualquer registo do documento. Acabou por ser a mesma empresa a fazer a nova inspecção.
O relatório de 2002, ao qual a TSF teve acesso, já dizia que a ponte tinha um mau estado de conservação. A reparação devia ser feita em 2003, mas nada passou do papel.
O último relatório, de 2010, ao qual a TSF também acedeu, pede «trabalhos urgentes» antes do Inverno. Obras que nunca foram feitas.
O estado de conservação e manutenção da ponte foi classificado como «muito mau». Os cinco pilares centrais apresentam fundações "descalçadas". As fotos dos relatórios revelam vários pilares com pedras caídas, sendo que um tem um buraco de dois metros.
Este último relatório alerta que «a ponte apresenta várias anomalias, a maioria das quais se mantém desde a inspecção realizada em 2002». Problemas que se agravaram.
Sem qualquer obra feita, o estado de conservação da ponte passou de uma classificação de «mau» para «muito mau».