Nos últimos dias, têm aparecido nas praias do Algarve centenas de medusas-tambor.
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A sua campânula tem 60 a 70 centímetros de diâmetro, mas com os tentáculos pode chegar a atingir um metro e meio a dois metros."Tem uns tentáculos que no final são mais escuros, mesmo pretos, e nessa zona é relativamente urticante", esclarece Alexandra Teodósio, professora da Universidade do Algarve.
Embora esta espécie não seja das que provocam mais urticária, a investigadora adverte para que, se se avistar na areia, ou na água do mar, uma destas medusas ou alforrecas, como se chama mais frequentemente, é melhor não se tocar nos tentáculos. O IPMA já lançou um alerta e avisa os banhistas que, se tocarem neste organismo, devem colocar sobre a pele compressas de gelo durante cerca de 15 minutos.
A medusa-tambor geralmente é avistada mais ao largo, e não é habitual aparecer na costa portuguesa, mas o vento e as correntes podem tê-las aproximado das praias.
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A investigadora acredita que as construções junto à costa podem ser uma explicação para o aparecimento mais frequente da Rhizostoma Luteum. "As alforrecas têm uma fase inicial que é como se fossem uma pequena anémona", continua a professora. "Para se fixarem precisam de substratos rijos, e a oferta de recifes artificiais, pontões, marinas, são oportunidades para estas espécies se reproduzirem nesta fase mais inicial e depois aparecerem estes blooms", adianta.
Se começam a aparecer com grande intensidade, estas medusas, além de serem prejudiciais para o turismo, também não são benéficas para a pesca. "Na Ásia, há casos em que os barcos quase que afundam porque as redes ficam cheias com estes organismos gelatinosos e, ou se usam com um fim comercial, ou então só estraga a pescaria", sustenta.
No entanto, a medusa também pode trazer oportunidades. Esta espécie já é consumida, sobretudo seca, em países asiáticos, assim como na Austrália ou na Nova Zelândia. Alexandra Teodósio acredita que ela tem virtudes. "Tem capacidades antioxidantes e potencialidades para exploração em termos de biotecnologia marinha", garante.
Quem sabe, um destes dias, podemos vir a provar uma caldeirada de medusa-tambor.