População de Cadafaz e Colmeal diz que com a união das freguesias deixou de haver proximidade
A reforma de freguesias em 2013, feita pelo Governo liderado por Passos Coelho, extinguiu 1168 das 4260 juntas de freguesia. Na União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, a população continua a criticar o processo.
Corpo do artigo
Passaram sete anos desde a união das freguesias de Cadafaz e do Colmeal, em Góis, e a população continua descontente. No Café Marques, no Colmeal, Justino Geraldes ainda está revoltado com a decisão. "Fui sempre contra a união de freguesias. Primeiro, ainda se faziam umas coisinhas, agora não se faz cá nada", critica. Além disso, Justino conta que as duas freguesias "nunca se deram muito bem", por isso "o pessoal sente mesmo que isto não está bem".
Ao seu lado está Abel Marques, que trabalha no café há mais de 40 anos. "Nós só queríamos a freguesia antiga, o Colmeal, mais nada. Separarem-nos do Cadafaz era a melhor coisa que nos podiam fazer", garante. Apesar do desejo, Abel duvida que haja alterações, por isso, "têm de aguentar".
"Era bom que isto mudasse, mas não estou a ver."
TSF\audio\2020\10\noticias\22\diana_craveiro_uniao_freguesias
Em 2013, Carlos Jesus era o presidente da Junta do Colmeal. Depois da reforma do Governo, passou a ser presidente da União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, cargo que deixou em 2017. Lutou contra a união, e ainda hoje pede que se anule a medida porque "são muitas aldeias, dispersas, que necessitam de uma junta de proximidade".
Para o ex-autarca, esta "é uma injustiça que é necessário repor", porque "as populações vão reduzindo", mas, alerta, "enquanto houver pessoas tem de haver alguém que olhe por elas". Carlos Jesus explica que, com a união das freguesias, "passaram de dois executivos para um, mas com um território que praticamente duplicou". Por isso, "para os mesmos problemas, devia haver duas juntas", para garantir uma resposta mais eficiente.
No Cadafaz, a quase dez quilómetros do Colmeal, o sentimento é o mesmo. Artur Neves garante que se perdeu proximidade com a união das freguesias "e a razão é simples: nós tínhamos as pessoas mais perto de nós. Antes éramos oito aldeias a ser geridas pela junta de freguesia, hoje somos 17. É evidente que as pessoas não acompanham tão de perto" o que se passa. Artur Neves conta que "passou a haver menos serviços" e que as pessoas se "sentem menos apoiadas, porque o interior está a ficar muito abandonado". "Se não houver um retrocesso nesta situação, vamos ficar cada vez mais pobres", alerta.
Ao início, a união das freguesias não fez confusão a José Santos porque "o terreno é grande, mas há poucas pessoas". No entanto, trabalha na limpeza florestal e hoje lamenta que uma freguesia maior não signifique mais mão-de-obra. "Para limpar uma serra destas, de 25 hectares, cinco ou seis gatos o que é que lá fazem? É um ano inteiro!", assegura, criticando que tenham unido as duas juntas de freguesias, que antes "tinham seis empregados", e que agora esse número se mantenha.
Com a união das freguesias, a junta tem agora três edifícios para contactar com a população: no Colmeal, em Cadafaz e na Cabreira. Agora é preciso percorrer cem quilómetros para afixar um edital em todas as aldeias.
