Rede complementar de apoio, criada em março 2020, entrega gratuitamente bens de primeira necessidade. Já atendeu a perto de 900 pedidos
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Um casal jovem com quatro filhas de 11, quatro e três anos, e uma bebé com quatro meses, residente em Âncora, no concelho de Caminha, recebeu esta segunda-feira de manhã, à porta de casa, cabazes de ajuda alimentar, fraldas e leite. A família está em isolamento. Desde a segunda-feira, após o natal, começaram a surgir sintomas, e os testes à Covid-19 foram tendo todos resultado positivo. Além dos seis membros deste agregado familiar, foram contagiadas mais dez pessoas da mesma família, entre sogros, pais, irmãos e cunhados. A rede complementar de apoio à Covid-19, criada em março de 2020 pela Câmara de Caminha, entrou em ação esta segunda-feira de manhã, após um pedido de auxílio do casal infetado. "Pedimos ajuda à Câmara Municipal de Caminha, porque não podemos sair e precisamos, principalmente, por causa das meninas. É uma grande ajuda", contou a mãe, de nome Sofia, à porta da habitação, onde as técnicas Angelina Esteves e Rita Carrasqueira deixaram caixotes com bens alimentares, embalagens de leite e de fraldas para criança e latas de leite para bebé. A família já anteriormente tinha solicitado o apoio da rede, também com alimentos.
Os pedidos são recebidos por telefone (contactos disponíveis no site do município) pelas duas coordenadoras, ambas de nome Angelina. Uma é Esteves e outra Cunha. "Têm sido dois anos de ajuda constante à população. A rede nunca parou. No início teve uma procura mais intensa por pessoas de mais idade que estavam isoladas e tinha medo de sair e que nos contactavam para lhes fazermos as compras, com pedidos de medicação e pedidos de pagamentos, contas, Segurança Social, carregamentos de telemóvel. E, entretanto, alargou-se a rede a toda a população", contou Angelina Esteves, referindo que, hoje em dia, qualquer pessoa pode recorrer à rede, desde que seja "para pedir bens de primeira necessidade".
Alimentação, água, produtos de higiene, fraldas de adulto e criança, medicamentos, refeições, autotestes Covid-19, botijas de gás e até pagamentos de contas da luz, gás e da água ou carregamentos de telemóvel, são os principais pedidos. Até hoje, chegaram um total de 844, desde 19 de março de 2020, quando a ajuda foi ativada pela Câmara. "Tem sido um tempo exigente, mas desafiante, que nos permite reforçar redes de colaboração entre o município e outras instituições, juntas de freguesia, centros de saúde e Segurança Social, e entidades privadas, como superfícies comerciais e farmácias. Isso permite-nos acorrer atender às necessidades da população", afirma Rita Carrasqueira, técnica de ação social, que coordena as equipas no terreno.
Segundo Sandra Fernandes, vereadora da Saúde e Ação Social, enfermeira de profissão que até assumir o cargo no presente mandato, exercia o ofício no terreno, prestando apoio à população, "os pedidos têm vindo a aumentar ultimamente, por causa do aumento do número de casos de Covid-19 no município".
"Esta rede vai continuar a apoiar enquanto se justificar e houver necessidade", afirmou.