Pornografia na internet. "Há cada vez mais conteúdo criado por crianças aliciadas"
O gestor da Internet Segura deixa um alerta: os conteúdos impróprios estão a ser gerados pelas próprias crianças. Para Ricardo Estrela, os números são preocupantes e é constante a falta de cuidado com o possível reconhecimento facial ou através de sinais do corpo.
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A gestão da linha Internet Segura considera ser excessivo o total de 701 denúncias relacionadas com a deteção de conteúdos de pornografia infantil e discriminação racial relativo a 2019. Estes dados são referentes a linha que há um ano é gerida pela Associação Portuguesa de Apoio à Vitima.
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O gestor desta linha, Ricardo Estrela, admite, em declarações à TSF, que os conteúdos estão a ser gerados pelas próprias crianças. "Há cada vez mais conteúdo criado por crianças e jovens, muitas vezes aliciados por adultos - que na altura não se sabe que são adultos - que as manipulam a produzir este tipo de conteúdo."
"Os números são preocupantes", refere Ricardo Estrela, que acresce ao "volume de denúncias" o "facto de, neste tipo de denúncia, nós verificarmos muito do conteúdo que lá se encontra é conteúdo novo".
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Outra das realidades detetadas é a utilização, por parte dos jovens, de aplicações de conversação com pessoas aleatórias, o que constitui uma roleta russa em termos de segurança.
Os responsáveis pela linha não têm meios para determinar se os menores que surgem nas imagens denunciadas no ano passado são ou não são portuguesas, mas conseguem perceber que nenhuma das imagens em causa verificadas em 2019 estava alojada em servidores nacionais. Por isso, estes casos estão a ser investigados por autoridades de outros países.
"Muitas vezes, não sabemos quem está do outro lado, até porque, em geral, estas crianças, jovens ou adultos não têm o cuidado de se expor nos níveis mínimos", argumenta Ricardo Estrela, que elenca situações vulneráveis em que se colocam os menores: "despirem-se em chats e fazerem coisas de cariz sexual em frente à webcam".
Ricardo Estrela deixa o alerta para que se aumente o grau de reserva em relação a estas interações online, até porque se verificam muitas vezes faltas de cuidado flagrantes: "As caras são visíveis, e, mesmo que as caras não sejam visíveis, não existe o cuidado de não mostrar zonas do corpo que podem ser facilmente identificáveis, como tatuagens ou outros sinais."
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