Paulo Portas falou pela primeira vez sobre a crise no Governo da última semana, dizendo que «prevaleceu Portugal» em detrimento do «preço da [sua] reputação».
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[notícia atualizada às 15h00]
Portas disse preferir pagar «um preço de reputação» do que não fazer o que deve para «um futuro melhor», voltando a defender a proposta pela maioria apresentada ao Presidente da República.
«Prefiro pagar um preço de reputação nas vossas intervenções do que não fazer o que posso e o que devo para um futuro melhor», afirmou Paulo Portas, no encerramento do debate do 'estado da Nação', numa intervenção em que citou Sá Carneiro e Adriano Moreira.
Portas citou Sá Carneiro sobre a forma de «superar questões dilemáticas» (Portugal em primeiro, depois o partido e só depois a circunstância pessoal) e Adriano Moreira sobre a importância do «instutucionalismo».
«Apresentámos uma solução sólida e abrangente» de Governo, acrescentando o ministro dos Negócios Estrangeiros que «entregámos uma solução governativa estável».
«Em tempo veloz, porque as circunstancias o exigiam, a maioria entregou ao senhor Presidente da República para avaliação, uma solução governativa estável. Creio ser manifesto que a sociedade, os parceiros sociais, os mercados, a maioria dos cidadãos registaram esse entendimento e sublinharam a evolução que continham», disse.
«O país tem uma maioria que apresentou uma solução ao Chefe de Estado, é uma solução que bem proximamente demonstrará a sua confiança, vencendo com naturalidade a censura que foi hoje aqui anunciada», afirmou, numa alusão à moção de censura que vai ser apresentada pelo Partido Ecologista "Os Verdes" na próxima semana.
Questionado no final por João Semedo, sobre se Portas ainda seria ministro dos Negócios Estrangeiros, Passos Coelho lembrou o que tinha dito: que não tinha aceitado essa demissão.
Sobre a atual crise política, Passos Coelho explicou que «o que se passou não devia ter acontecido, mas aconteceu e temos agora de demonstrar que isto não voltará a acontecer».
Pouco antes do final do debate do 'estado da Nação', no parlamento, a deputada ecologista Heloísa Apolónia reconheceu a «legitimidade» do Governo, mas criticou a escolha de Portas para fazer o discurso de encerramento.
«Face a estas semanas, é estranhíssimo que o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros demissionário não fale no debate de modo a poder sujeitar-se ao contraditório, sem poder ser confrontado», disse.
Após esta intervenção, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, pediu a palavra para referir que "o figurino" definido pelo executivo para este debate «é rigorosamente o mesmo que foi praticado no ano passado, sem nenhuma crítica por parte da câmara».