Em dia de celebração do orgulho gay, há uma livraria na cidade do Porto que se dedica a temas de exclusão social e diversidade sexual e que comemora agora o primeiro ano de vida. Na Rua do Paraíso, a Livraria Aberta tem planos para crescer com uma aposta na função social.
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É a primeira livraria na cidade do Porto dedicada à temática queer e a segunda no país. A Livraria Aberta, no centro do Porto, é um projeto independente que quer preencher uma lacuna, nas publicações em Portugal, sobre temas como exclusão social e diversidade sexual.
Para Paulo Brás, parte da dupla que criou e gere o projeto, trata-se de um conceito flexível com espaço para crescer no mercado literário português e que, para já, se limita sobretudo às edições estrangeiras.
A Livraria Aberta começou "por ter cinco ou seis livros e, neste momento, já temos mais de uma estante só [para os livros] em inglês. Também já temos alguma coisa em espanhol e alguma coisa em francês. E justifica que, havendo "muita coisa a ser editada nesse sentido, principalmente quando falamos de questões raciais ou mesmo de teoria pura e dura, as edições inglesas têm uma oferta que ainda não existe em português".
Mas, o espaço também se define como uma livraria de bairro e com uma função social. Paulo Brás sublinha que, apesar de haver uma importância literária, há também "uma importância social: nós não podemos exigir que as pessoas tenham um vocabulário ou um à-vontade para tratar certos temas se, de alguma maneira, não nos ajudamos mutuamente a chegar aí." Conclui assim que "isso também nos ajuda a desenvolver a empatia e a sermos muito mais simpáticos uns com os outros."
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Apesar do destaque dado ao universo queer, ainda assim, Paulo Brás não considera que se trate de uma livraria marginal. "Aliás, nós dizemos por piada que temos uma livraria temática mas que a tratamos como se fosse uma livraria generalista." O impulsionador do projeto, também formado em Literatura, considera que o catálogo da Livraria Aberta é "tão abrangente e tão diverso como o que está numa livraria generalista" e acrescenta ainda que "se calhar, muitos autores e livros que temos se perdem noutros espaços no meio de toda a oferta que existe e aqui estão um pouco mais destacados - também porque temos um espaço pequenino e é mais fácil conhecer todos os livros que cá estão."
Para já, esta livraria (ainda) única no Porto vai ter uma semana especial comemorativa com leituras, conversas e encontros imprevistos com a comunidade. No futuro, para além de contarem com uma oferta mais alargada, Paulo Brás e Ricardo Braun esperam conquistar mais público, principalmente porque, ao terem arriscado abrir portas pela primeira vez em plena pandemia, ainda sentem os efeitos das restrições sociais impostas.