Portugal deveria seguir exemplo espanhol para "atuar sobre lucros excessivos" das empresas
Alexandra Leitão defende que é "importante que as pessoas sintam justiça social na repartição dos sacrifícios".
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Para defender o tecido social e evitar a contestação, o Governo deveria aplicar a taxa sobre os lucros extraordinários das empresas seguindo o exemplo do governo socialista espanhol. No programa da TSF e da CNN Portugal O Princípio da Incerteza, a deputada do Partido Socialista insistiu que essa taxação deveria funcionar como uma contribuição social.
"Quando digo taxação não estou necessariamente a referir-me a soluções de natureza fiscal, mas estou a referir-se a, de alguma forma, atuar sobre os lucros excessivos. Espanha entrou no mesmo mecanismo que nós e aprovou uma lei que faz a taxação naquilo a que eles chamam uma 'prestação patrimonial temporária de caráter público não tributário'", explicou.
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Questionada sobre se Portugal deveria replicar a lei espanhola, Alexandra Leitão respondeu positivamente: "É importante que as pessoas sintam justiça social na repartição dos sacrifícios, porque se as pessoas não sentirem justiça social na repartição dos sacrifícios, isso cria uma fenómeno de deslaçamento social e isso depois leva-nos a somar a crise social e política a eventualmente a uma crise económica e financeira."
Já o secretário-geral do PCP acusou no domingo o Governo de estar sem ação perante "o escândalo" de grupos económicos alcançarem "lucros obscenos" na atual conjuntura e de falar da inflação como "castigo divino" contra salários e pensões.
"Não sei o que pensa o primeiro-ministro, mas estamos de facto perante uma situação inaceitável", respondeu Jerónimo de Sousa.
O secretário-geral do PCP defendeu que "parte substancial desses lucros inesperados, fabulosos, deverá servir para investir no aumento da produção nacional e para ter em conta preocupações sociais".
"O PCP não defende um número rigoroso, inflexível [de aplicação de taxa], mas consideramos que o Governo deveria tomar a iniciativa, tendo em conta que não há nenhum argumento económico ou de outra ordem que justifique esta situação de escândalo e de privilégio por parte de uns quantos grupos económicos que estão a arrecadar milhões e milhões de euros de lucro", acrescentou.