A fase de mitigação chegou. O que muda no combate à pandemia e como vão as autoridades proceder daqui para a frente? Perceba o que acontece na fase mais grave de resposta ao novo coronavírus.
Corpo do artigo
Portugal entrou na primeira fase de mitigação do coronavírus, uma alteração comunicada pela Direção-Geral de Saúde no seu site oficial. Esta é a fase mais grave do novo coronavírus e, de acordo com a nota da DGS, exige que se apliquem medidas que garantam a adequação e sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde à pandemia. Mas, na prática, o que significa isto?
A fase de mitigação é a terceira fase de resposta prevista no plano estratégico das autoridades para o surto de Covid-19, segundo as indicações da Direção-Geral de Saúde. Surge depois das fases de contenção e contenção alargada e corresponde ao nível vermelho de alerta, o mais elevado.
Na semana passada, praticamente todos os casos de novo coronavírus em Portugal eram importados do estrangeiro, o que colocava o país no nível de alerta laranja, que corresponde a uma situação em que o risco de Covid-19 é moderado, com reforço da resposta e contingência, mas agora a realidade já não é a mesma. As cadeias de transmissão estão estabelecidas no país, dentro da comunidade, tratando-se de uma situação de epidemia ativa.
11917624
Chegados ao nível vermelho de alerta assume-se que as medidas de contenção da doença são insuficientes e a resposta passa a ser focada na mitigação dos efeitos da Covid-19, com o objetivo de diminuir "a morbimortalidade [relação entre o número de mortes provocadas por determinada doença, num dado local e num certo período de tempo] e/ou até ao surgimento de uma vacina ou novo tratamento eficaz".
11920955
As consequências da fase de mitigação
Chegar a esta fase implica, segundo o plano da DGS, que todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tenham de admitir e tratar doentes da sua área de referência, com suspeita ou confirmação da doença, fazendo a sua gestão de acordo com critérios de gravidade. Os hospitais do setor privado e social, por sua vez, passam a ser envolvidos na fase de diagnóstico e gestão de casos. E, de modo a prevenir novas infeções em ambiente hospitalar, "pode ser equacionado o rastreio na admissão hospitalar ou a visitantes".
Quem é mais sensível, mesmo que não tenha sintomas, pode passar a ter de usar máscara de proteção individual em "contexto de grandes aglomerados populacionais ou de frequência de serviços de saúde". A possibilidade está prevista no plano de nacional de contingência feito pela DGS, mas não define que doentes vão ter esta "suscetibilidade acrescida", dando apenas o exemplo das pessoas imunodeprimidas.
11906859
A sua rotina diária também pode ser bastante afetada, com o encerramento do local de trabalho. Essa medida, bem como horários de trabalho flexíveis e desencontrados, promoção de trabalho à distância e maior utilização de ferramentas de comunicação como o correio eletrónico ou a teleconferência estão entre as hipóteses previstas pela DGS como resposta ao novo coronavírus.
No que diz respeito à delicada questão do fecho de fronteiras, a fase de mitigação não prevê que se avance com essa medida, ao contrário do que admitiu a secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, na semana passada.
"A implementação de medidas restritivas na mobilidade de pessoas e bens nas emergências de saúde pública no contexto internacional pode ser uma medida ineficaz, causando profunda disrupção económica e social, com impacto negativo nos países afetados e respetivos parceiros comerciais. Qualquer medida restritiva deve ser suportada cientificamente e deve ser reportada à Organização Mundial de Saúde", explica a DGS no Plano Nacional de Preparação e Resposta.
11903280
Já o decretar do fecho das escolas, que aconteceu por parte do Governo na semana passada, era, desde o início, uma das medidas admitidas pelo plano da DGS na fase mais grave da Covid-19.
"Estas medidas podem traduzir-se no encerramento pró-ativo ou reativo de escolas. Existe ainda outro tipo de medidas, menos interventivas, que permitem, sem interromper as atividades letivas, reduzir a interação entre os alunos - exemplo: redução do tamanho das turmas, aumentar o espaço entre os alunos", acrescenta o mesmo plano da DGS.
11934326