Portugal faz lóbi para levar relação médico-doente a Património da Humanidade
Ordem dos Médicos portugueses junta-se a Espanha pela "humanização" do ato médico e contra "imposição de tempos nas consultas".
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A Ordem dos Médicos (OM) pediu uma audiência ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para defender que a relação entre médico e doente seja considerada Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O assumido "lóbi" junto de António Guterres é a face mais visível do apoio português a uma ideia espanhola, que foi apresentada há cerca de um ano numa reunião de médicos em Coimbra.
O bastonário da OM, Miguel Guimarães sublinha a importância de "resistir à desumanização associada à evolução da tecnologia" e promete que a Ordem vai empenhar-se "até ao limite" neste apoio à candidatura liderada por Espanha.
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"Pode parecer um objetivo sem fundamento imediato, mas para nós é um objetivo fundamental", destaca. "No dia em que isto for reconhecido, estamos a dar uma importância à relação médico-doente que ela de facto não tem tido pelos respetivos países e governos".
Miguel Guimarães admite que esta é também "uma forma de lutar contra o excesso de burocracia que existe" no Serviço Nacional de Saúde e de "lutar contra a imposição de tempos [de consulta] que são completamente absurdos".
Atualmente, no sistema português, são marcadas consultas de 15 em 15 ou de 10 em 10 minutos, mas o bastonário revela que em alguns serviços e unidades de saúde o sistema informático permite que seja marcado mais do que um doente para a mesma hora.
Em janeiro de 2018, a Ordem dos Médicos deve ter concluída uma proposta para tempos-padrão de consultas, baseada em sugestões dos vários colégios da especialidade na OM.
O bastonário admite que especialidades como psiquiatria, medicina interna e neurologia podem ter tempos padrão mais alargados, sempre superiores a 15 minutos.