"Portugal fica bastante mais pobre." Associação 25 de Abril destaca "sentido de justiça e rigor" de Matos Gomes
Tanto o presidente como o vice-presidente da Associação 25 de Abril recordam a "grande amizade" com Carlos Matos Gomes, que morreu este domingo aos 78 anos. Na TSF, Aprígio Ramalho confessa que vai ser “difícil de ultrapassar”
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“Uma pessoa extremamente acutilante, mas sempre com um sentido de justiça e rigor”, é assim que a Associação 25 de Abril lembra o "um dos principais capitães de Abril" Carlos Matos Gomes, que morreu este domingo aos 78 anos. Para a associação, "Portugal fica bastante mais pobre com a sua partida".
Conheceram-se nos bancos da escola da Academia Militar, onde foram do mesmo curso. Apesar de depois terem seguido caminhos diferentes, Aprígio Ramalho (vice-presidente da associação 25 de Abril) conta, na TSF, que mantiveram “sempre uma relação de grande proximidade e amizade”.
“Estas relações foram reforçadas com o nosso envolvimento em tudo o que foi o período de conspiração e depois com a realização do 25 de Abril. Enfim, e posteriormente a isso em todo o empenhamento na defesa dos valores e dos ideais de Abril”, nota.
Aprígio Ramalho não esconde a admiração pelo coronel Matos Gomes e lembra-o como: “Uma pessoa extremamente ativa, acutilante, mas sempre com um sentido de justiça e rigor naquilo que dizia e fazia.”
Tinha sempre coisas para dar, porque estava sempre atento ao que se passava à sua volta e da nossa sociedade em geral. Sistematicamente através do seu blog, ou através de outras intervenções, procurava sempre fazer a sua análise como uma matriz bastante acutilante, mas com uma lucidez que por vezes tinha também alguma componente da sua utopia de vida, porque ela era, de facto, uma pessoa que vivia intensamente a vida.
Para o vice-presidente da Associação 25 de Abril, a morte de Carlos Matos Gomes vai ser “difícil de ultrapassar”, até porque era “um colaborador ativo e permanente em tudo o que lhe era solicitado”.
“Vai ser uma perda muito difícil de ultrapassar e de substituir para todos nós”, conclui.
"Um dos principais escritores portugueses e prestigiado capitão de Abril"
O presidente da Associação 25 de Abril partilha da mesma dor. Na TSF, Vasco Lourenço sublinha que Matos Gomes foi um dos "principais capitães de Abril", em particular na Guiné, onde nasceu "a consciencialização de que era necessário derrubar a ditadura". Mesmo depois da Revolução dos Cravos manteve-se sempre presente na defesa dos ideias de Abril e "todo o prestígio que conseguiu" permitiu "ser um comandante de homens extraordinário", acrescenta.
Sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz publicou vários livros sobre a temática da Guerra Colonial, entre eles, “Nó Cego”, “A Última Viúva de África” e “Os Lobos não Usam Coleira” (1995), que foi adaptado ao cinema por António-Pedro Vasconcelos, “Os Imortais” (2003). Para Vasco Lourenço, "tornou-se num dos melhores escritores portugueses".
Carlos Matos Gomes tornou-se num dos mais prestigiados capitães de Abril. (...) Portugal fica bastante mais pobre com a sua partida.
Vasco Lourenço conta que, na última vez que esteve com Matos Gomes, já o tinha encontrado "bastante em baixo, mas calmo". Recebeu a notícia através da filha e, emocionado, lembra que parte ao som de músicas de Abril.
O coronel Carlos Matos Gomes, um dos Capitães de Abril, morreu este domingo aos 78 anos, num hospital em Lisboa, anunciou a família na rede social Facebook.
Notícia atualizada às 14h36 com declarações de Vasco Lourenço