Portugal "perdeu" 40 mil dadores de sangue em dez anos. Federação quer repor direito a faltar ao trabalho no dia da dádiva
Uma petição da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue já conta com oito mil assinaturas
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A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue entrega, esta terça-feira, na Assembleia da República, uma petição sobre o direito ao dia para dar sangue, que já com conta com oito mil assinaturas. Em declarações à TSF, Alberto Mota afirma que, em 2011, este direito foi retirado apenas a alguns dadores.
“Vamos entregar a petição com cerca de oito mil assinaturas, para repor o que foi tirado aos dadores de sangue em 2011, que foi o direito ao dia em que vão dar sangue. Até 2011, todos os dadores de sangue que se deslocavam para as recolhas tinham direito ao dia, depois de 2011 isso foi retirado. Mas foi retirado só a alguns dadores, não foi retirado a todos. Por exemplo, nós temos os agentes da GNR que têm direito a dias, temos a lei da Madeira, que dá dois dias aos dadores de sangue, e aqui no Continente tiraram essa regalia aos dadores de sangue.” avança Alberto Mota.
A federação de dadores de sangue acredita que a reposição deste dia pode levar mais pessoas a doar sangue. Desde que foi retirado este direito, perderam-se milhares de dadores. O presidente da FEPODABES dá conta de um cenário de escassez das reservas de sangue.
“De 2011 a 2021 perdemos 40 mil dadores. Nós sabemos que estamos no ano de 2024, com muitos problemas na dádiva de sangue. Tivemos janeiro e fevereiro muito bons, mas depois de 27 de fevereiro até inícios de agosto nunca mais as reservas de sangue tiveram níveis satisfatórios. Nunca mais tivemos as tais 10 mil unidades de sangue guardadas na arca frigorífica. Em agosto repusemos um pouco, mas de finais de agosto até à data de ontem continuámos outra vez com o mesmo problema. Voltámos outra vez para as 5 mil, 6 mil unidades de sangue. Por isso, nós andamos aqui com os grupos sanguíneos, nomeadamente o A positivo e 0 positivo, e o A negativo e o 0 negativo, entre os 2 e 4 dias só, quando devíamos ter uma reserva para 10 dias.”
A federação diz que já tinha estado em contacto com alguns grupos parlamentares da legislatura anterior, mas que nenhum partido levou o projeto de lei a debate. Alberto Mota espera que a petição ajude a repor o direito à ausência ao trabalho no dia da dádiva.
“Nós já na outra legislatura conseguimos contactar alguns grupos parlamentares. O Partido Socialista recebeu-nos e a bancada do PSD também, e todos diziam que concordavam com esta situação. Mas nunca ninguém quis levar este projeto de lei a debate. Portanto, nós entendemos que estas oito mil assinaturas, como diz a lei, obrigam este assunto a ser debatido em comissão parlamentar e na Assembleia da República.”
Portugal tem neste momento cerca de 210 mil dadores. Ainda assim, as reservas de sangue têm estado em baixo. Alberto Mota admite que não há o devido reconhecimento dos milhares de portugueses que doam sangue.
