A mostra "Green Circle" veste quase duas dezenas de manequins com tecidos sustentáveis e inovadores, criados por diferentes estilistas, e apresenta Portugal na feira Neonyt de Berlim.
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Além do 'stand' do Centro Tecnológico CITEVE e da Associação Selectiva Moda, Portugal tem nove empresas representadas que mostram as suas marcas ou produtos na feira que decorre, pela primeira vez, nas instalações do antigo aeroporto de Tempelhof.
"É a segunda vez que temos uma mostra coletiva de produtos sustentáveis fabricados em Portugal na Neonyt. Estivemos a primeira vez no ano passado, o 'stand' foi muito visitado e considerado pelos meios de comunicação social internacional como uma referência dentro da feira", adianta António Braz Costa, diretor geral do CITEVE.
Os resultados têm sido muito bons, acrescenta, e indicam que esta feira, é uma aposta que deve continuar a ser feita. Portugal vem mostrar que "com produtos sustentáveis, é possível fazer alta moda", defende.
"Conhecemos muito bem o que está a ser produzido em Portugal com materiais têxteis sustentáveis, conhecemos bem as empresas e os processos. Uma vez por ano, recolhemos materiais, como tecidos, malhas e acessórios, sustentáveis e depois convidamos estilistas para desenvolverem peças de moda com esses materiais", descreve António Braz Costa, olhando para os manequins com roupas coloridas que vão chamando a atenção de quem passa.
Mesmo à entrada do pavilhão que recebe a feira, no Hangar 4 do aeroporto, um grupo de pessoas amontoa-se para tirar fotografias de vários ângulos a uma bota preta, em exposição.
"Atrevo-me a dizer que somos a primeira marca do mundo a ter uma bota 100% reciclada", conta Catarina Véstia, responsável de vendas da Lemon Jelly.
Com 350 trabalhadores, a empresa portuguesa decidiu dar "um novo passo" em 2019, criando uma linha com produtos 100% reciclados.
"É este o caminho que queremos seguir e a mensagem que queremos passar", sublinha, revelando que a novidade é a criação de um código que vai permitir ao cliente "fazer a rastreabilidade de todo o produto, contribuindo para uma maior transparência."
Para António Braz Costa, Portugal tem uma capacidade "distinta da média do têxtil internacional de ir à procura de formas mais sustentáveis de produção de matérias primas mais sustentáveis".
"É algo que temos de explorar até ao fim. Não basta apenas ter um sistema científico e tecnológico a trabalhar todos os dias nesta área, ter empresas que estão muito envolvidas com esta questão, é necessário também dar a conhecer ao mundo. Se não o fizermos, ninguém saberá que Portugal é, porventura, uma das fontes mais interessantes de têxtil responsável, de têxtil sustentável do mundo", defende.
No expositor da Zouri há, ao lado de um par de sapatos já prontos, o material que compõe a sola, pedacinhos de plástico de diferentes cores.
"A Zouri é um projeto de impacto social que passa por parcerias com escolas, municípios e Organizações Não Governamentais (ONG) na recolha do plástico nas praias, em que também fazemos um trabalho de sensibilização no terreno. Depois temos a nossa "mascote" que são os nossos sapatos, nos quais introduzimos o plástico recolhido, fazemos uma produção ética e local em Portugal e usamos os materiais mais sustentáveis que existem no mercado", revela a fundadora Adriana Maio.
A ideia nasceu há três anos e meio, a empresa apenas há um ano, e esta é a estreia numa feira internacional. O resultado está a superar as expectativas.
"Está a correr melhor do que estávamos à espera. As pessoas gostam e as lojas andam à procura de coisas diferentes, a Zouri acaba por encaixar", explica, confessando já ter fechado negócio com um cliente para que o calçado esteja disponível numa loja de Berlim.
A Neonyt mostra vestuário, calçado e acessórios que aliam a moda à sustentabilidade e é organizada pela Messe Frankfurt. Termina esta quinta-feira.