Portugal tem de se adaptar rapidamente ao envelhecimento acelerado da população
Organização Mundial de Saúde diz que é preciso mudar hábitos e mentalidades. Podem ser precisos mais imigrantes. E garantir que as mulheres não são quase as únicas a tratar dos idosos dependentes.
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O diretor do departamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o envelhecimento diz que Portugal não deve ficar assustado com o rápido crescimento no número de idosos, mas o país tem de se adaptar rapidamente.
Numa visita a Lisboa para participar num congresso europeu sobre o tema, Jonh Beard explica que Portugal é um dos países do Mundo onde a população está a envelhecer mais rapidamente.
Numa entrevista à TSF, o responsável afirma que ter mais pessoas idosas é bom, mas o país tem um desafio pela frente pois é preciso mudar as mentalidades, a sociedade e os apoios sociais do Estado.
Por exemplo, pode ser preciso atrair mais imigrantes, sobretudo porque além de viverem mais tempo os portugueses estão a ter muito poucos filhos. Contudo, o responsável da OMS diz que os portugueses não precisam ficar assustados. Há outras sociedades com problemas semelhantes que têm conseguido ser economicamente sustentáveis.
As últimas previsões apontam para que Portugal tenha um terço da população com mais de 65 anos em 2060.
O diretor da OMS diz que Portugal, tal como vários outros países, tem de se adaptar e ser flexível. E uma das principais mudanças está nas mentalidades e "nos estereótipos do passado".
Jonh Beard dá o seu exemplo e diz que quando era jovem esperava retirar-se aos 60 e poucos anos: "Hoje espero viver mais tempo, não quero reformar-me tão cedo e pretendo continuar economicamente ativo. Não podemos assumir que alguém com 65 anos tem de ficar sentada em casa". "As ideias que prevalecem nas sociedades e que olham para os idosos como um peso têm de mudar rapidamente".
Mas além da mudança de mentalidades, Jonh Beard admite que temos de pensar como se vai cuidar dos muitos idosos que de facto precisam de ajuda. E aí Portugal fica mal na 'fotografia' pois "os estudos sugerem que os idosos portugueses têm taxas mais elevadas de limitações físicas e mentais".
O responsável da OMS diz que é necessário "focar a atenção na melhoria da saúde", sendo que o peso dos cuidados "não deve ficar todo para as famílias e sobretudo para as mulheres que muitas vezes não podem ir trabalhar porque têm de cuidar de uma pessoa mais velha".