Isolamento reforça o estigma associado à doença.
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Portugal vai juntar-se a Itália, Reino Unido e Suécia na criação de um registo para perceber - a prazo - o impacto da Covid-19 nos doentes com esclerose múltipla.
A informação é, para já, ainda pouco, mas o neurologista José Vale, em entrevista à TSF, afirma que não há indícios de que estes doentes sejam mais suscetíveis a formas graves da doença. O que já é claro é que o isolamento reforça um estigma que já é muito pesado.
"Tem muitas implicações do ponto de vista pessoal e do ponto de vista familiar - há uma elevada taxa de divórcio entre estes doentes -, do ponto de vista social porque os amigos não conseguem lidar com as dificuldades e do ponto de vista profissional, porque são penalizados e despedidos com frequência", assinala o neurologista.
A esclerose múltipla afeta "muita gente nova, que tem a expectativa de fazer uma vida ativa e com sucesso e que fica muitas vezes limitada", nota. José Vale, que é também presidente do Colégio de Neurologia da Ordem dos Médicos., assinala por outro lado que alguns doentes sentiram mais dificuldade em aceder a outro acompanhamento a que estavam habituados.
São os casos das "monitorizações das terapêuticas", o acesso a médicos e a "fisioterapia, consultas de psicologia ou urologia", que ficaram agora mais difíceis porque "toda a atividade de ambulatório dos hospitais, onde se realizam as consultas, reduziu-se dramaticamente e as pessoas ficaram um bocadinho perdidas".
Numa época de isolamento, o apoio psicológico ganha maior importância e, por isso, neste Dia Internacional da Esclerose Múltipla chama-se a atenção dos doentes para as formas virtuais de se ligarem, partilharem experiências e cooperarem no tratamento.