
Manuela Ferreira Leite
Global Imagens/João Girão
Ferreira Leite, que falou no Grémio Literário, considerou que a solução está ao nível das instituições europeias. A antiga ministra Leite criticou também a atual política económica.
A ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite sustentou hoje que, mesmo depois da saída da troika, Portugal vai continuar a precisar que alguém lhe empreste dinheiro, e considerou que haverá uma solução ao nível das instituições europeias.
Segundo a antiga ministra das Finanças, esse cenário implica «algum acordo a médio prazo sobre o futuro do país e sobre o caminho que vai ter de ser seguido» entre «os partidos políticos que são da área do poder».
Manuela Ferreira Leite defendeu esta posição num jantar-debate no Grémio Literário, em Lisboa, dedicado ao tema «Portugal: o presente tem futuro?».
Quanto a quem poderá apoiar Portugal nessa nova fase, declarou: «Penso que o Fundo Monetário Internacional não tem sentido manter-se a apoiar seja o que for, mas entre a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, alguma solução com certeza vai ser dada ao nosso país relativamente a este ponto».
«Acho que não temos hipótese de nos mantermos sozinhos», reforçou.
De acordo com Manuela Ferreira Leite, a necessidade desse apoio futuro e o facto de haver eleições legislativas previstas para 2015 torna o tema do "pós-'troika'" decisivo no plano político.
Na sua intervenção, a social-democrata criticou a atual política económica, manifestando-se reticente quanto à possibilidade de o país recuperar o crescimento económico a curto prazo.
A ex-presidente do PSD disse que, com esta política, Portugal não tem futuro e que se lhe coubesse negociar com a 'troika', «no mínimo, gritava».
«Às vezes perguntam-me o que é que eu faria se lá estivesse. No mínimo, gritava, para alguém ouvir. Não ficava calada de certeza absoluta», afirmou Manuela Ferreira Leite, defendendo que, embora não seja fácil, «há com certeza margem de negociação» com a 'troika'.
Manuela Ferreira Leite criticou o «desenho» de base do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, sobretudo pelo «ritmo» imposto para a consolidação das contas públicas, e defendeu que este deveria, entretanto, ter sido corrigido em função dos seus efeitos.
«É um desenho está errado e que não tem levado ao menor dos ajustamentos», lamentou.
No seu entender, as consequências das medidas tomadas não têm sido avaliadas, e deixam poucas perspetivas de crescimento: «Ao não avaliar as consequências dessas medidas, nós destruímos a nossa estrutura produtiva, nós aniquilámos uma classe média, e agora não venham dizer - porque isso é que eu acho que é a máxima das fantasias - que qualquer dia, não sei em nome de quê, vamos começar a crescer».
Ferreira Leite apoiou a intenção do Governo PSD/CDS-PP de descer o IVA, mas não «aos bocadinhos», e deixou uma sugestão ao executivo para, que, pelo menos, não retire mais dinheiro à economia.