Três países votaram contra uma resolução da ONU em solidariedade com a luta de libertação na África do Sul, em 1987. Estados Unidos, Reino Unido e... Portugal.
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Reagan, Thatcher e Cavaco Silva eram os líderes políticos dos três únicos países que votaram contra, como se pode ver na lista oficial da ONU.
Votação final: sim à resolução, 129; não, 3; abstenções, 22, num total de 159 países.
A votação aconteceu a 20 de novembro de 1987 e Cavaco Silva era primeiro-ministro de Portugal desde 17 de agosto de 1987 (João de Deus Pinheiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros).
Este facto foi evocado em 2008 pelo deputado do PCP António Filipe, quando a Assembleia da República debateu os votos de congratulação pelo 90º aniversário de Mandela, por proposta dos comunistas.
António Filipe dirigiu-se aos deputados do PSD, dizendo, entre outras coisas, que «os senhores não querem que se diga que, quando, em 1987, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, os três países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Reagan, a Grã-Bretanha, de Thatcher, e o governo português, da altura. Isto é a realidade! Está documentado!».
Dois anos depois, lembrou ontem Ana Gomes, que estava colocada em Genebra, houve uma votação das Nações Unidas sobre as crianças vítimas do apartheid na África do Sul. Portugal votou mais uma vez contra.
Ontem à noite, Cavaco Silva enviou uma mensagem de condolências, em que lembra a «estatura moral e a confiança que Mandela depositava na capacidade de reconciliação constituem verdadeiras lições de humanidade». Cavaco Silva refere também o «extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações» deixado por Nelson Mandela.