O chef Tanka Sakpota celebra este ano 23 anos de Lisboa e 20 do seu restaurante italiano Come Prima. Oriundo do Nepal, o "Cavaleiro das Trufas e Vinhos de Alba" soma prémios, amigos e família em Portugal. Em Alcácer os bancários transformaram-se em "restaurateurs" e louvam o Alentejo. Mais no interior, a Quinta do Quetzal que se divide em vinho e arte contemporânea.
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Recentemente Tanka Sakpota esteve em grande parte da comunicação social por ter adquirido uma trufa branca com 1,153 quilos. O valor não foi divulgado, mas sabe-se, por exemplo, que uma trufa branca de 850 gramas foi leiloada por 85 mil euros. O preço por quilo sobe exponencialmente quando maior for a trufa. Tanka Sakpota foi o chef nepalês e proprietário do restaurante Come Prima que a adquiriu e foi, entretanto, nomeado "Cavaleiro das Trufas de Alba e dos Vinhos de Alba".
O cozinheiro veio para Portugal em 1996 e, passados três anos, abriu o restaurante Come Prima na zona da Lapa em lisboa e ainda hoje soma prémios de excelência como a distinção da associação italiana "Associazione Verace Pizza Napoletana". Depois do seu primeiro espaço, abriu o "Il Forno D"Oro" e "Il Mercato", este último dedicado a pasta e produtos italianos.
Sakpota nasceu numa pequena aldeia no Nepal, mas quando estudava para ser para advogado, o "medo" de casar levou-o a emigrar para a Alemanha onde trabalhou em todas as posições possíveis num restaurante. De lava-pratos a chef, o cozinheiro nepalês especializou-se em comida italiana e, depois de passar duas semanas de férias em Portugal, decidiu mudar-se para Lisboa. O clima e a amabilidade dos portugueses ditaram a decisão.
Das tascas do Sado
Dália e Fernando Seromenho estavam longe de adivinhar que as reformas da banca seriam passadas ao balcão e na cozinha de um restaurante em Alcácer do Sal. A possibilidade de ficar com um estabelecimento antigo na margem esquerda do rio Sado foi a mola de salto de uma aventura que, passados 15 anos, continua a promover a gastronomia local.
O restaurante Porto Santana, antiga Tasca do Gino, fica numa casa térrea, acolhedora, onde sobressaem as madeiras, a mobília tradicional e as grandes janelas sobre o rio com Alcácer do Sal em pano de fundo.
Dália decidiu promover a gastronomia local e, entre outros petiscos que faz quando os clientes lhe pedem, propõe como couvert as cenouras de coentrada, torresmos ou chouriço de porco preto, de entrada, puntilhitas (lulinhas fritas), queijo derretido com orégãos ou ovos à hotelão (escalfados) e, nos pratos principais, canja de ameijoa, ensopado de borrego, cachaço de porto preto fatiado ou pezinhos de coentrada. Tradição e criatividade servidas à mesa.
Mares do Alentejo
A vista é distinta e um pouco diferente do Alentejo mais plano. A Quinta do Quetzal, a 10 quilómetros da Vidigueira estende-se ao longo de colinas no sopé da Serra do Mendro. E se a paisagem se diferencia, mais ainda o Centro de Arte Contemporânea do Quetzal instalado na quinta que reúne uma coleção privada de artistas consagrados e emergentes num edifício de arquitetura moderna que alberga um restaurante e uma loja.
O casal holandês Inge e Cees de Bruin, que fizeram fortuna na área da energia e da navegação, compraram uma casa no Algarve nos anos 70 para onde vinham recorrentemente. A ideia da vinha foi do amigo e atual diretor-geral Reto Jorg enquanto procurava, a pedido do casal, uma prenda de casamento para uma das filhas. Surgiu a hipótese de um terreno na Vila de Frades em 2001 e, desde essa altura que o projeto foi sendo aumentado.
A construção de uma adega moderna, mas com capacidade de fazer vinho através de um sistema de gravidade sem necessidade de utilizar bombagens, a abertura de um centro de arte contemporânea, uma loja e um restaurante, foram compondo uma quinta que comercializa vinho - cerca de 200 mil garrafas por ano - e azeite. Entre outras castas, o Antão Vaz é a variedade mais emblemática dos brancos. O edifício, projetado por dois arquitetos eborenses, destaca-se pela modernidade por um lado e, por outro, pela integração na paisagem.