Dados clínicos de 12 mil portugueses com reações adversas à vacina da Covid expostos nos EUA
Nome dos doentes não foi divulgado, mas há identificação da idade, género, peso, altura, história clínica, medicamentos que o utente estava a tomar, data da toma da vacina, de internamento, da alta e da morte. Contactado pela TSF, o Infarmed não quer, para já, comentar este assunto.
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Dados clínicos de milhares de pessoas, entre as quais portugueses, que tiveram reações adversas à vacina contra a Covid-19, foram publicamente expostos numa plataforma do regulador de saúde norte-americano. A informação é avançada pelo Jornal de Notícias (JN), que adianta que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) e o Infarmed admitem que há um risco elevado de identificação indireta destes doentes.
São 17 terabytes de informação de crianças, jovens e adultos que até quinta-feira estavam expostos numa base de dados do regulador de saúde norte-americano.
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O JN explica que o nome dos doentes não foi divulgado, mas há identificação da idade, género, peso, altura, história clínica, medicamentos que o utente estava a tomar, data da toma da vacina, de internamento, da alta e da morte.
Na informação consta ainda a descrição do episódio clínico e dos tratamentos, a evolução do paciente e o país onde ocorreu a reação adversa à vacina contra a Covid-19
A Agência Europeia do Medicamento foi avisada da divulgação dos dados por parte das autoridades de saúde norueguesas. Assim que recebeu o alerta, a EMA avisou as várias agências do medicamento europeias.
O Infarmed revela ao JN que as primeiras investigações apontam responsabilidades na partilha ilegal destes dados por parte das farmacêuticas que desenvolveram as vacinas.
O supervisor europeu e a Comissão Nacional de Proteção de Dados estão a investigar. As multas podem chegar aos 20 milhões de euros, ou, no caso de uma empresa, até quatro por cento do volume anual de negócios a nível mundial.
12 mil portugueses afetados
A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) revela à TSF que foram expostos os dados de 12 mil portugueses que tiveram reações adversas à vacina contra a Covid-19.
A secretária-geral da CNPD, Isabel Cruz, mostra-se preocupada: "A Comissão Nacional de Proteção de Dados teve conhecimento já há uns dias deste incidente. Naturalmente, quando verificou quais eram os dados que estavam expostos ficou apreensiva e preocupada", visto que "não podem estar publicados de modo a que possam identificar as pessoas".
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Há dados de cidadãos de muitos países europeus. No caso de Portugal, são 12 mil os casos expostos numa base de dados do regulador de saúde norte-americano.
"Estão 12 mil casos com origem em Portugal publicados", adianta, sublinhando que a CNPD "vai sempre acompanhar o processo e, no final, quando as investigações estiverem feitas pelas autoridades alemã e da UE irá pronunciar-se quanto à sua opinião".
Isabel Cruz adianta que a EMA e a Pfizer partilharam estes dados com as autoridades dos Estados Unidos.
"O Infarmed contactou-nos, explicou-nos o que se tinha passado, averiguámos alguns pontos e chegámos à conclusão que os dados terão saído para os EUA da EMA e do consórcio que desenvolveu as vacinas, a BioNTech", explica.
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A secretária-geral da CNPD explica que as investigações sobre este caso vão ser mais demoradas, uma vez que os dados foram expostos fora do espaço europeu.
* Notícia atualizada às 11h30