Portugueses não acreditam em maiorias absolutas e antecipam "instabilidade" após eleições
A sondagem da Aximage para TSF-JN-DN mostra que apenas 12% dos inquiridos defendem um bloco central. A preferência é por um governo minoritário de esquerda ou de direita.
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A três meses das eleições, a sondagem da Aximage para TSF-JN-DN revela que os inquiridos antecipam que o país vai entrar numa "instabilidade" política depois das legislativas. A grande maioria não acredita em maiorias absolutas, do PS ou PSD, e defende que os maiores partidos devem negociar com os parceiros da mesma família política.
Já no mês passado, quando o PS ainda não tinha escolhido a nova liderança, os inquiridos já alertavam para um cenário de instabilidade. Os números mantém-se praticamente inalterados em dezembro, com 48% das pessoas que responderam ao inquérito a anteciparem "instabilidade".
Já 39% dos inquiridos acreditam na "estabilidade política" após 10 de março. Há ainda 13% que "não sabem" quando faltam três meses para a ida às urnas.
Maioria absoluta? Nem do PS, nem do PSD
Após a maioria absoluta de António Costa, que durou apenas dois anos, os inquiridos mostram-se convictos de que não vai existir uma nova maioria absoluta. A maioria (68%) não tem dúvidas que nem o PS nem o PSD vão sair das eleições de 10 de março com 116 deputados.
Há, no entanto, 17% que admitem que a maioria absoluta ainda está ao alcance do PS. E o número baixa para os 9% quando a resposta se cinge ao PSD.
Quanto à solução para o pós-eleições, apenas 12% defendem um bloco central entre o PS e o PSD. Um governo de coligação de direita é a opção de 21% dos inquiridos, um número ligeiramente superior aos que defendem uma coligação à esquerda (20%).
A mesma percentagem de 20% admite que prefere maiorias absolutas para a estabilidade do país. Além disso, 16% dos inquiridos defendem um Governo minoritário com alianças pontuais para a aprovação de leis e orçamentos.
Com quem o PSD deve coligar-se?
A grande maioria das pessoas que responderam à sondagem (61%) defende que o PSD deve fazer acordos ou coligações caso vença sem maioria absoluta, mas há ainda 26% dos inquiridos que pedem um Governo em minoria.
No que toca aos parceiros preferências, a Aliança Democrática (AD) entre o PSD e o CDS que foi, entretanto, anunciada, já merecia a confiança de 56% dos inquiridos que consideram que o PSD deverá fazer coligações pós-eleitorais.
Em segundo lugar aparece a Iniciativa Liberal, com 47%, que tem uma vantagem 13 pontos percentuais para o Chega. Ainda assim, o partido de André Ventura é a preferência para uma coligação na opinião de 34% dos que defendem acordos à direita.
O PS, num possível bloco central, arrecada 25% das respostas ao inquérito.
Geringonça 2.0 à esquerda?
Já 55% dos inquiridos defende que o PS deve avançar para uma coligação caso não alcance a maioria absoluta, um número inferior aos que apontam o mesmo caminho ao PSD. E 31% dos inquiridos pede um Governo em minoria.
Quanto a acordos, a preferência recai sobre o Bloco de Esquerda para a maioria dos que defendem que o PS deve avançar para uma coligação (57%). De seguida aparece outro parceiro da geringonça, o PCP, com 38%.
O resultado é bastante idêntico para o Livre (32%) e PAN (31%). Já PSD arrecada 29% das intenções neste campo.
Ficha técnica
Sondagem de opinião realizada pela Aximage para JN/DN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 805 entrevistas efetivas: 688 entrevistas online e 117 entrevistas telefónicas; 390 homens e 415 mulheres; 174 entre os 18 e os 34 anos, 209 entre os 35 e os 49 anos, 230 entre os 50 e os 64 anos e 192 para os 65 e mais anos; Norte 277, Centro 175, Sul e Ilhas 122, A. M. Lisboa 231.
Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros.
O trabalho de campo decorreu entre 18 e 23 de dezembro de 2023. Taxa de resposta: 72,22%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.