A sondagem da Aximage para TSF-JN-DN mostra que, um ano depois do início do conflito, os inquiridos responsabilizam a Rússia pela invasão, apoiam menos um exército europeu e consideram que o Governo não fez tudo para mitigar o aumento dos preços. Comprar promoções e marca branca é estratégia para fugir à crise.
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Solidários com a Ucrânia, 81% dos inquiridos nesta sondagem afirmam sentir o reflexo da guerra, numa subida de 22 pontos percentuais (pp) em relação aos valores do ano passado. O reflexo é sentido, sobretudo, na economia familiar (95%).
Como resultado, 69% admitem que já alteraram hábitos de consumo, face ao aumento dos preços de bens alimentares. Para contornar este aumento, compram mais produtos em promoção (68%), escolhem aqueles mais baratos (65%) e optam pela marca branca (60%).
Outros 16%, entre eles os mais jovens, admitem que estão a pensar em mudar de hábitos. Apenas 15% mantêm a rotina de consumo.
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O aumento das taxas de juro também tem implicações na economia das famílias: 68% afirmam sentir o efeito, apenas 30% não se sentem afetados.
Perante este cenário, é elevada a percentagem de inquiridos (82%) que consideram que o Governo não está a fazer tudo para minimizar o impacto do aumento de preços, incluindo a larga maioria dos votantes no PS.
Uma guerra que está para durar
Este é o primeiro ano de guerra, mas a julgar pelas opiniões desta sondagem, 59% acreditam que o conflito está para durar e piorar (61%). Uma mudança em relação ao ano passado, quando muitos dos inquiridos antecipavam o fim da guerra para mais cedo.
Alinhados com a decisão da NATO de não intervir diretamente na guerra na Ucrânia, 62% inquiridos concordam e apenas 15% manifestam discordância.
No entanto, caso a situação venha a mudar e a Aliança Atlântica decida intervir, é ainda maior o número de repostas favorável ao eventual envio de tropas portuguesas. Agora são 64% os que respondem "sim", há um ano eram 51%.
Baixou, no entanto, ligeiramente o apoio à eventual criação de um exército europeu: 63% são agora favoráveis, uma quebra de cerca de 5pp.
Os argumentos recentes de Vladimir Putin que acusou o Ocidente de querer impor uma derrota à Rússia não parecem convencer a esmagadora maioria dos inquiridos desta sondagem: 86% consideram que a Rússia é a principal responsável pelo conflito incluindo a maioria dos eleitores da CDU.
Entre os motivos apontados para a invasão, está a tentativa de recuperar controlo e influência nos territórios da antiga União Soviética (68%). Com menor expressão, são referidos os objetivos de tentar impedir a adesão da Ucrânia à NATO ou à União Europeia.
Sobre o apoio europeu à Ucrânia, 60% consideram que tem sido suficiente, 40% defendem que seria possível a União Europeia ir mais longe e, por exemplo, impor mais sanções à Rússia (46%). Perdeu algum apoio a ideia de uma intervenção militar, pelo contrário, há mais inquiridos a defender o aumento do apoio no acolhimento de refugiados.
Ficha técnica
A sondagem foi realizada pela Aximage para a TSF, JN e DN com o objetivo de avaliar a opinião dos Portugueses sobre temas relacionados com a guerra na Ucrânia e os seus efeitos. O trabalho de campo decorreu entre os dias 10 e 16 de fevereiro. Foram recolhidas 807 entrevistas entre maiores de dezoito anos residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo, idade e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo e escolaridade. À amostra de entrevistas, corresponde um grau de confiança de 95% com uma margem de erro de 3,45%. A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.