Embora "melhor que nada", Montenegro vê medidas para a habitação como "poucas, tardias e muito limitativas"
O PSD lamenta "profundamente" que o Governo não tenha "abertura de aproveitar o contributo" dos social-democratas.
Corpo do artigo
O líder do PSD, Luís Montenegro, criticou as novas medidas do Governo para a habitação, afirmando que pecam por serem "tardias", "poucas" e "muito limitativas", mas pediu aos portugueses que não interpretem a posição do partido como sendo sempre "um discurso negativista".
"No dia 14 de fevereiro propusemos uma medida parecida com aquela que o Governo hoje aprovou, mas com um alcance maior. A nossa proposta era que se suspendesse a aplicação do juro na parte excedente por dois a cinco anos e que esse excedente fosse pago no final dos empréstimos, ou seja, remeter para um período final da maturidade do empréstimo o custo acrescido porque iria incidir numa altura onde a taxa de esforço é significativamente menor do que hoje. É melhor isto do que nada, mas parece-me muito limitativa. Dá uma ajuda para limitar o crescimento da componente dos juros, mas implica que a compensação pelo valor que não é pago agora se opere já daqui a dois anos", explicou Montenegro aos jornalistas, em Salvaterra de Magos.
Para o social-democrata, o partido ofereceu ao Governo uma "oportunidade" de inverter as suas medidas no âmbito da habitação e lamenta "profundamente" que o Executivo não tenha "abertura de aproveitar o contributo". Ainda assim, considera que as medidas apresentadas são positivas.
"Não cobrar comissões e ter um reforço da bonificação é melhor do que nada. São medidas necessárias. Lamentamos é que o Governo demore tanto tempo. O benefício real que vai acontecer poderá andar entre 70, 80 e 100 euros por mês na diminuição da prestação que é devida. Parece-me pouco, que o Governo está a atuar com pouca ambição e tarde, mas mais vale tarde do que nunca", afirmou o presidente do PSD.
Montenegro deixou ainda claro que, "se fosse primeiro-ministro", estaria a investir fortemente na diminuição dos impostos sobre os jovens, sobre o rendimento do trabalho e na ajuda a que as prestações e rendas das casas estivessem a ser contidas.
"É um desígnio estratégico de Portugal: temos de fixar os jovens no nosso país. Nos jovens, em especial, e nas classes médias que estão a abandonar Portugal temos de atuar de forma mais direta e temos de arriscar. Eu não tenho medo de arriscar e dizer quais são as prioridades políticas da nossa ação e de um Governo liderado por nós", sublinhou.
Já em relação ao IRS, defende que as explicações dadas por António Costa são pouco claras, uma vez que apenas garantiu que as pessoas que ganham salário mínimo nacional não vão pagar IRS em 2024.
"Nem percebo o que quis dizer porque dá a entender que está de acordo com o ministro das Finanças, só não está de acordo no timing. Significa, mais uma vez, esta tendência do PS e do Governo de estarem obcecados com a cobrança de impostos", acrescentou Luís Montenegro.