Técnicos do Parlamento fazem diagnóstico e apontam falhas no pós-fogo em Mação e Vila de Rei. Os eucaliptos crescem de forma descontrolada.
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O Observatório Técnico Independente da Assembleia da República classifica como grave a inação para recuperar as áreas ardidas depois do maior incêndio do país em 2019 que atingiu Mação e Vila de Rei, na zona Centro.
Em julho os dois concelhos foram devastados pelas chamas, sendo que Mação, com os fogos que já se tinham registado nos anos anteriores, ficou mesmo com a floresta praticamente toda queimada.
No relatório agora fechado o Observatório explica que "não são conhecidas medidas ou ações de reabilitação ou de recuperação a longo prazo previstas para a área afetada pelo incêndio".
Ao nível das medidas de emergência houve um relatório feito pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) mas "tal como verificado em Monchique em 2018 não deverá ser observada uma resposta rápida e atempada".
"Vão ser ultrapassados os primeiros 5 meses após os incêndios de Mação-Vila de Rei sem qualquer implementação de medidas de emergência nos locais afetados" o que é "particularmente grave dado o período pós-incêndio ter sido caracterizado por elevada precipitação com ocorrência de valores extremos, como se verificou em dezembro (depressão Elsa e Fabien)".
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O relatório adianta que "é também grave a suscetibilidade que a área apresenta a agentes de erosão" em zonas que pelas chamas ficaram "especialmente vulneráveis à perda de solo".
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O presidente do Observatório Técnico Independente explica ainda que está preocupado com a rebentação descontrolada das sementes de eucalipto que gerarão áreas ainda maiores de eucaliptal no futuro.
Finalmente, quanto ao combate às chamas de julho em Vila de Rei e Mação, os peritos concluíram que perderam-se boas oportunidades de "combate musculado" que podiam ter travado o fogo mais cedo, num problema que já se tinha verificado um ano antes no maior incêndio de 2018, em Monchique.