O Presidente da República renova o apelo aos partidos para um acordo de médio prazo. Cavaco Silva diz que esse seria o melhor programa cautelar que o país podia ter.
As divergências insanáveis detetadas por António José Seguro na reunião com o primeiro-ministro levam a que o apelo de Cavaco Silva a um consenso seja feito agora de forma mais incisiva.
«O melhor programa cautelar que podíamos ter em Portugal era um acordo inter-partidário entre as diferentes forças políticas», defende.
Sair do programa de ajustamento com entendimentos e sem reestruturar a dívida. O Presidente da República entende que esse debate afasta os investidores estrangeiros.
«Quando me tenho encontrado ao longo dos tempos com investidores estrangeiros quando ouvem falar da palavra reestruturação reagem de forma muito negativa. Tenho constatado isso, porque ligam essa palavra a perdão de dívida e portanto assustam-se em relação a possíveis investimentos no país que usem essa palavra», adianta.
Mesmo depois do documento assinado por economistas estrangeiros a apoiar o manifesto dos 70, Cavaco julga que isso é matéria para comentadores.
Poucos comentários sobram também para o facto da Assembleia ter aprovado, sem mudar uma vírgula, o diploma do aumento dos descontos para os sub-sistemas de saúde, que o Presidente da República vetou.
«O Governo tem as suas competências, a Assembleia tem as suas competências, é o princípio da separação dos poderes. É a democracia a funcionar», refere Cavaco Silva.
Poderes e contra-poderes transformados num braço de ferro entre o Presidente e a maioria que sustenta o Governo.