"Pré-colapso", "degradante" e "incompetência". Partidos criticam medidas do Governo para o SNS
A propósito da conferência sobre Sustentabilidade em Saúde, o futuro do SNS e as medidas anunciadas por Fernando Araújo subiram a debate no Fórum TSF. A oposição critica as palavras do diretor executivo do SNS, já o PS admite problemas, mas garante que o Governo tem procurado soluções.
Corpo do artigo
Depois das palavras do diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na 11.ª conferência sobre "Sustentabilidade em Saúde", organizada pela Abbvie, TSF e DN, o PSD considera que estamos novamente perante promessas. No Fórum TSF, Rui Cristina, deputado social-democrata, diz querer ver para crer a concretização destas medidas.
Fernando Araújo "apresentou mais um plano de intenções", considera o deputado do PSD. "Este Governo está no poder há praticamente oito anos e continua a prometer que agora é que vai ser e a verdade é que, se bem me recordo, António Costa, em 2016, prometia que todos os portugueses em 2017 teriam médico de família, mas isso não aconteceu. Temos 1,6 milhões de portugueses sem médico de família, temos quase cinco milhões de portugueses com seguros de subsistemas de saúde, o PSD tem vindo a alertar nos últimos anos para este pré-colapso e esta situação degradante a que chegou o SNS", alerta.
"Se nada for feito, vamos chegar ao próximo verão e vamos ter grandes dificuldades e outra vez uma crise nas urgências hospitalares e isso não pode acontecer. Isto tem que ser resolvido o quanto antes, temos que passar das palavras aos atos", afirma.
TSF\audio\2023\04\noticias\18\rui_cristina_2_f_araujo,_intencoes
O Chega também critica Fernando Araújo. O deputado Pedro Frazão nota uma falha no discurso do diretor-executivo do SNS.
"O doutor Fernando Araújo, pelo menos, teve a honestidade em admitir que vivemos a situação mais crítica do SNS, mas esqueceu-se de fazer um mea culpa governativo. Vivemos há quase oito anos com um Governo do PS, e se, de facto, passamos pela situação mais crítica do SNS, a culpa é da má gestão. O investimento que foi feito não corresponde à evolução do SNS e existe uma incapacidade governativa, uma incompetência governativa do SNS e aqueles que dizem que são os pais do SNS são aqueles que ao fim de oito anos puseram o SNS na situação mais crítica de sempre", defende.
TSF\audio\2023\04\noticias\18\pedro_frazao_f_araujo
Joana Cordeiro, deputada pela Iniciativa Liberal, também considera que o SNS está desatualizado e tem soluções do passado para problemas do futuro. Joana Cordeiro defende ainda que, no privado, os utentes também deviam ter direito a médico de família.
"Existem médicos de família em todo o sistema de saúde e nós, no caso da IL, já propusemos que sempre que as pessoas não consigam aceder a um médico de família possam encontrar um médico de família em todo o sistema de saúde. Esta proposta foi chumbada", recorda a deputada da IL.
"Na realidade, não vemos um Governo a querer resolver os problemas das pessoas e aquilo que devia importar ao Governo era dar acesso às pessoas a cirurgias, a exames e a consultas, e não focar a sua resposta apenas numa espécie de preconceito ideológico em que tem que ser o Estado a assegurar todo o SNS quando as pessoas não querem saber quem é o dono do hospital, querem chegar lá e ser aceites", refere.
TSF\audio\2023\04\noticias\18\joana_cordeiro_il_medico_privado
Pelo PCP, o deputado João Dias receia que o recurso cada vez maior ao privado coloque em causa o SNS.
"A continuar assim, vamos continuar a assistir a uma degradação e vamos passar a ter dois serviços nacional de saúde: o tal sistema que é composto por um SNS para os pobres, com condições muito precárias de prestação de cuidados, e depois para quem tem dinheiro e condições económicas até para comprar bons seguros", explica.
TSF\audio\2023\04\noticias\18\joao_dias_maior_degradacao
Moisés Ferreira, dirigente do Bloco de Esquerda, identifica os principais problemas do SNS: "O Governo do PS, por um lado, não quer fazer ou levar a cabo as medidas que são necessárias para resolver o principal problema do SNS ou dos utentes, que é o acesso à saúde e, por outro lado, faz uso apenas de uma série de medidas que o aproxima mais de medidas liberais, do PSD, da IL, do que medidas de quem quer um serviço público de saúde que seja universal e que garanta o acesso à saúde."
TSF\audio\2023\04\noticias\18\moises_ferreira_pols_liberais
No caso do PS, o deputado Luís Soares admite problemas, mas garante que o Governo tem procurado soluções.
"Aumentámos 6% da despesa, mas do ponto de vista da produtividade apenas conseguimos um aumento de 2% da produtividade. O Governo tem investido mais no SNS, mas nós não estamos a conseguir recuperar percentualmente o mesmo nível de investimento e de gastos que temos. Isto deve ser objeto de uma análise muito profunda, tem a ver com a questão da gestão, dos objetivos, da monitorização e este debate sobre a sustentabilidade do SNS é um debate emergente, porque se não olharmos para ele com cuidado, o SNS em Portugal acaba por ser um luxo que nós não conseguimos cortar", sublinha.
TSF\audio\2023\04\noticias\18\luis_soares_investimento_e_produtivi
O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, anunciou, esta terça-feira, a abertura de mais 1500 vagas para médicos nos hospitais.
Além disso, anunciou também que o Ministério da Saúde está a trabalhar com a Segurança Social para que os certificados de incapacidade temporária possam ser passados nas urgências dos hospitais e também pelos médicos privados, anunciou o diretor-executivo do SNS.