Ana Martins tem 40 anos e só consegue arranjar trabalhos precários. Contratos de um mês, em muitos casos. E apenas no verão, no Algarve.
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Ana trabalha na hotelaria, habitualmente com funções de rececionista, mas, se for preciso, até de empregada de mesa. Assina contratos de um mês, renováveis, mas só consegue trabalho na época alta do turismo. De resto, só trabalhos pontuais.
Antes, trabalhava numa numa multinacional no Porto. A empresa fechou e Ana andou por Inglaterra, Roménia e Espanha.
Um dia resolveu voltar para Portugal e para o Algarve, convencida de que, numa região turística, arranjava trabalho com facilidade. Enganou-se.
"Estou há cinco anos em trabalhos precários. Só trabalho seis meses e isso interfere muito com a minha vida".
A sazonalidade do turismo leva-a a trabalhar meio ano, começando na Páscoa e terminando no final do verão, e a estar parada outros seis meses. Por vezes, a empresa de trabalho temporário onde está inscrita, arranja-lhe serviços pontuais.
Com muitas horas de trabalho e gorjetas, ainda vai conseguindo equilibrar o orçamento familiar no inverno. A instabilidade, no entanto, é total: "tenho contratos ao mês ou então ao dia, é conforme".
Com 40 anos, Ana Martins questiona o seu futuro: "infelizmente, para algumas empresas eu já tenho alguma idade e isso preocupa-me".
Esta trabalhadora precária ambicionava ter algo que ainda não alcançou: "segurança: que me dissessem, olhe, vai ficar aqui um ano e depois renova contrato".